Matança cruel

A violência, nas suas mais manifestas formas, não respeita idade, posição, templos religiosos. Esta disseminada, como se fora uma epidemia. A sociedade está traumatizada e não se manifesta com o vigor exigido pelos brutais fatos do cotidiano. Está sofrendo os efeitos, mas não reage à altura. Há uma passividade das associações de classe, dos sindicatos, das universidades e até da Igreja Católica, hoje focada nos padres cantores.

A OAB, mesmo sem o ânimo ativista de ontem, ainda ousa exigir alguma solução para o caos vigente. Em Fortaleza, a situação é preocupante, com as facções mandando e se matando entre si ou a quem se interpor entre elas. O aumento do contingente policial, de viaturas, e outras tantas medidas não conseguem estancar a sangria, num crescendo estatístico aterrador. Os jovens, de ambos os sexos, são as grandes vítimas da carnificina, a maioria em pleno alvorecer da vida, na faixa dos quinze anos. E esse tipo de matança está generalizado no Brasil, e a causa apontada é sempre a mesma: o tráfico de drogas e a dívida não paga pelo usuário.

E tudo fica por isso mesmo, como se o fato por si já justificasse o homicídio, sem necessidade de investigar e punir o autor ou autores. Na impunidade dos crimes contra a vida, o Brasil também é maratonista campeão. Mata-se de dia e de noite, e o cidadão ao sair de casa não sabe se volta para casa.

O tema da segurança pública é complexo, sem dúvida, pois perpassa a gritante desigualdade social. Mas estabelecer horários para o funcionamento de bares e botequins e realizar blitze ajudariam a diminuir a onda de violência.

Eduardo Fontes. Jornalista e administrador