Mais impostos?

Considero legítimas algumas reivindicações dos caminhoneiros autônomos durante a greve. É sabido que eles pagam muito caro pelo diesel e que, normalmente, o preço do frete é baixo. Porém, não dá pra fechar os olhos para os 51 inquéritos que foram abertos para apurar um suposto locaute durante a paralisação. Talvez as pessoas ainda não tenham entendido as consequências dessa greve. Isso explicaria a pesquisa publicada pelo Datafolha há alguns dias, que aponta que 87% dos entrevistados concordavam com a greve dos caminhoneiros, mas que não queriam 'pagar a conta'.

Nós pagamos a conta quando faltaram produtos nos supermercados, quando faltou gasolina nos postos de abastecimento, quando faltaram insumos para alimentar o gado, aves, suínos e peixes, o que levou muitos animais à morte, causando pesados prejuízos aos produtores rurais. Para piorar, o governo anunciou que para cobrir a redução do preço do diesel em R$ 0,46 (reivindicação dos grevistas) precisará compensar com o aumento de tributos.

Já sofremos as consequências durante a greve e já pagamos altos impostos em tudo que adquirimos. Inclusive, o Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas e, apesar disso, pouco vemos de retorno.

O povo não deveria pagar pelos acordos que o governo fecha com determinada categoria, principalmente neste caso em que a população sequer terá algum benefício. A gasolina e o etanol que usamos em nossos carros, por exemplo, não terão uma baixa nos valores do litro.

Pagar mais impostos pra suprir uma baixa no valor do diesel é inaceitável.

 

Antônio Tuccílio
Bacharel em Ciências Econômicas