Jovens velhos e velhos jovens

Há jovens velhos e velhos jovens. Esta expressão não é de hoje, mas a afirmação é cada vez mais verdadeira, diante da evidência dos fatos. Muitos jovens são velhos e, contrariamente à idade cronológica, muitos velhos são jovens, tanto no espírito como no corpo, graças aos avanços da medicina e às práticas de uma vida saudável. 

E não só isso: a capacidade empreendedora, em vários tipos de atividades, inclusive intelectual se evidenciam na terceira idade. Não sem razão escritores e poetas, pintores e produtores de cinema ganham fama e glória na fase última da existência, quando tudo parece estéril e sem sentido. 

Já muitos jovens se acham cansados da vida e se entregam ao desânimo e à tristeza. Para eles, já foi vencida a fase da infância, da adolescência, da maturidade e se veem em plena fase outonal da vida. Entregam-se à solidão dos meios eletrônicos, com os quais pensam dialogar e não interagem com o ambiente ou com os circunstantes, seja em casa, no restaurante ou em outro lugar. Não encontram motivos para sorrir, e se trancam no mutismo e na tristeza carrancuda. Não viveram na sua inteireza as fases etárias da vida – e se tornaram precocemente velhos.

E se ontem velhice era sinônimo de sabedoria, hoje é sinônimo de aprendizagem e empreendedorismo. Não se deve ver no idoso a imagem ambulante da sabedoria, pois em todas as idades é possível errar e aprender, e aprender todo dia é próprio do ser humano. O idoso, não poucas vezes, traz consigo um coração jovial, e muitos foram ou são revolucionários nas suas áreas de atuação. Verdadeiro exemplo para os jovens velhos.

Um fato, porém, é bem presente na vida dos idosos: a saudade dos tempos passados, o aceno da infância e da mocidade. Cada idoso traz consigo um baú itinerante de várias lembranças, onde leva de tudo um pouco, principalmente saudade. Saudade de si mesmo.


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