Invisíveis

Ao amigo Belchior e aos viventes no casulo dos desejos. Nesse texto e homenagem, rememoro e exalto os invisíveis que estão do nosso lado e que precisam da luz, do resgate e da ação transformadora de todos. Viver o amor verdadeiro com fidelidade ao saboroso tempero da vida, amando e mudando as coisas; eram grandes aforismos desse ilustre compositor. Num momento, alguns se tornam invisíveis e enclausurados por incertezas e inquietações psíquicas, verdadeiras ou fictícias; e muitos não ouvem o inconsciente clamor deles; ou, o efeito de sua falta. Escutá-los pode nos fazer saborear seu saber e valor, e torná-los visíveis.

Nesse conflito de nebulosidade, mesmo na distância ou necessidade, sua arte adoçou a vida de muitos. Aqui, por intermédio de sua genialidade inspiradora, evoco aos que estão diante de invisíveis e carentes pessoas, para que sejam mutantes nas vidas desses necessitados. Algumas vezes, estão imersos em suas famílias; noutras situações, longes, submersos em dúvidas e temores. Amar, também é mudar as coisas que podem e que precisam ser modificadas.

Que a semente semeada no brilho de sua sabedoria seja resgatada, replantada e regada. Vejo o enxame de lamentos e de saudade que foram arrancados de ti; e por eles também exprimo o benefício de acordar os estáticos, sem ver os invisíveis, os mudos, os esquecidos do seu lado, os carentes de luz; antes que chegue a morte, ou coisa parecida. O novo sempre vem; que seja estímulo para o semeio da caridade. Invisíveis - muitas vezes ficam inclusos no mar da ignorância, da vaidade, do descaso e do silêncio do amor. Ouçamos o chamado deles...

Russen Moreira Conrado. Médico e psicoterapeuta