Interior aquecido

O investimento industrial vem ajudando a transformar o panorama econômico no Interior do Ceará e a tornar menos turbulenta a travessia pelo período de crise econômica. Algumas regiões em particular alavancaram, nos últimos anos, novos negócios e seguem abrindo oportunidades no mercado de trabalho.

Monitoramento do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), realizado pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), aponta que a indústria emprega mais de 50 mil pessoas nos municípios do Interior. A soma do investimento relatado pelas empresas foi de R$ 2,2 bilhões, ao longo do exercício 2016. O monitoramento foi realizado no ano passado.

De acordo com informações contidas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, a cidade cearense que gerou o maior saldo de emprego no acumulado do primeiro semestre não foi Fortaleza, tampouco pertence à Região Metropolitana. A líder dos seis primeiros meses do ano foi Quixeramobim, no Sertão Central, com 4,8 mil vagas formais criadas - 95% delas na indústria de transformação. A Capital é apenas a segunda do ranking, tendo aberto 1,8 mil empregos.

Dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) mostram que em algumas áreas do território do Estado, o número de empresas industriais mais que dobrou, caso do Litoral Oeste e do Maciço de Baturité, cujos crescimentos foram de 115% e 103%, respectivamente. O maior centro produtivo do Interior continua sendo o Cariri.

As informações supracitadas realçam o processo de interiorização econômica no Ceará. É evidente o ganho de robustez em algumas partes desta unidade da Federação, com a chegada de empreendimentos, a diversificação do campo de atuação das empresas investidoras e a consolidação de cadeias produtivas de segmentos tradicionalmente fortes.

Em que pese a dinamização dessas áreas, restam desafios consideráveis à descentralização. O crescimento econômico em cidades distantes da Capital demanda o acompanhamento de melhorias na infraestrutura. Tal relação amplia a importância de megaobras como a transposição das águas do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Nesta, estão depositadas as perspectivas de evolução logística e retomada da matriz ferroviária como meio relevante de transporte de cargas; enquanto aquela carrega a promessa de amenizar as temporadas de estiagem e elevar a qualidade de vida da população sertaneja.

Mas a preocupação com a infraestrutura vai além dos grandes projetos. É preciso fomentar avanços em áreas elementares, como o saneamento básico, a rede de transporte dentro dos municípios e entre eles, a qualificação profissional e o investimento em pesquisa científica.

Sem dúvida, o desenvolvimento econômico do Interior será impelido pelos consistentes resultados na educação básica cearense. É apenas uma questão de tempo até que o ensino de qualidade nas escolas, o qual vem sendo reconhecido em contexto nacional, se reverta na formação de cidadãos produtivos e profissionais qualificados.

O Interior é parte imprescindível para o desenvolvimento econômico do Estado, cada região sendo dotada de potencialidades e vocações específicas, no campo, na indústria, no comércio, no turismo etc. Estimular permanentemente as diferentes áreas do território garante que a economia local se ramifique, formando uma corrente de negócios cada vez mais vibrante.