Insidioso suicídio

É o último ato consciente que é oriundo de um conflito inconsciente. É uma espécie de aborto que se faz num ser vivo, que ainda não nasceu para a vida. É consequente de uma guerra interna onde o inimigo maior é a incapacidade de pensar, e onde o caminho para se destruir está sempre aberto e pavimentado.

Ele planta culpa onde elas não existem; e semeia sofrer, tristeza, dor e fim. As trevas e o descontrole emocional do suicida nunca permitem achar solução; aliás, muitas vezes, elas se igualam com sua autodestruição. Ele nunca quer pôr fim à vida.

Porém, na luz ocasional, é necessário saber que sempre há uma solução. Curioso, que algumas vezes, até na bonança, o escorregador que conduz para o inferno desse fim é largo e besuntado do que o torna ainda mais liso. Mas tudo pode ser revertido, felizmente; desde que se permita sentir o doce sabor e valor da vida.

Amar, perdoar, pensar, saber, crescer, unir, sorrir, aceitar, mudar, superar, conhecer, servir, vir a ser a solução que algumas vezes já se conhece, e que se enclausura dentro de si mesmo. É preciso arrancar a malévola energia destruidora que corrói a capacidade de reação, mesmo que se pense ser impossível.

Ele é um mistério de um grande conflito psíquico, que congela e encalha a consciência, além de borbulhar alguns poucos centímetros do cérebro, conseguindo estacionar no vácuo de uma maléfica ação o tempo, o espaço e o ser.

Aqui, reverencio um novo tempo de prevenção do suicídio e nesse texto enalteço a vida, ainda que com todas as indesejadas intempéries, turbulências e provações. Abençoada e breve vida; sua essência é preciosa. Viva. Mude para o bem, a vida das pessoas que lhe sucederão.

Russen Moreira Conrado
Médico e psicoterapeuta