Ilusão eleitoral

Todos almejam um Brasil renascido das cinzas. Um Brasil sem corrupção, com saúde, educação, saneamento, iguais direitos para todos. Pessoas de todas as regiões e de todas as idades expressam o desejo de um País sem violência e sem o cupim da corrupção. E a saída para os males estaria na escolha de políticos comprometidos com a construção de um novo Brasil. E as eleições de outubro seriam esse fator de mudança: novos políticos, novas ideias, novos modos de agir.

Mas as eleições serão mesmo o remédio para curar o Brasil de tantos males? Haverá realmente renovação de quadros, ou uma simples mudança da parentela dos antigos caciques? Os "cientistas políticos" descreem desse milagre, e defendem a imprescindível e sempre adiada reforma política, considerada a mãe de todas as reformas. Reforma capaz de oxigenar e de trazer luz ao edifício político, onde o dinheiro é o maior cabo eleitoral, e as práticas viciadas são antigas, e mercadejam cargos e posições. Ninguém espere, portanto, esse esperado milagre das eleições de outubro, pois a propagada renovação será como um verniz em quadro antigo. Tudo permanecerá como antes, pois o sistema político é para profissionais e para antigas raposas políticas.

A eleição vindoura atende bem a esse quadro viciado e às pretensas renovações de nomes atrelados a conhecidos sobrenomes. Toda tentativa de plantar a boa semente será sufocada pelo velho uso do cachimbo. As sonhadas eleições de outubro não trarão o resultado almejado, por conta do troca-troca das coligações e pelo multipartidarismo, indiferente às reais necessidades dos cidadãos.

Eduardo Fontes
Jornalista e administrador