Gênios da lâmpada

Cada vez mais, torna-se difícil entender a linguagem dos gênios do jurisdiquês e do economês da vida política do País, isso sem contar com as novidades promovidas pelos veículos da mídia eletrônica, destruidoras do patrimônio da Língua Portuguesa ou brasileira, como o fazem os sábios destes novos tempos de muita lábia e de pouca sapiência.

Os jornais estão cheios de exemplos novidadeiros, de novos verbos como "otimizar" e outras coisas do gênero, tais como o uso de detalhes desnecessários, a exemplo do excessivo emprego do pronome "dele": o réu foi preso, por ter matado a mãe dele. A pobre imprensa está cheia destas redundâncias.

Mas o motivo do presente cavaco, não é bem este. É de descobertas até então impensáveis. Mais um exemplo, colhido à imprensa cearense: "Todas as informações da administração direta e indireta estarão organizadas em nuvens".

E prossegue a notícia: "O Ipece está contratando uma equipe de pesquisadores do Departamento de Física da UFC para ajudar a minerar as informações e torná-las fáceis para serem utilizadas". Observem o verbo " minerar", e a questão tratada é de ordem administrativa, qual seja a de qualificar o servidor público para o melhor desempenho de suas funções.

Seria bem mais aconselhável contratar um órgão voltado para análise da Administração Pública, e não para questões ligadas à Física. De "nuvens" o Ceará precisa, de nuvens para fazer chover na terra e no coração do homem nordestino. De "minerar", nem tanto, pois os minérios do Brasil de há muito estão sendo levados e vendidos a preço de banana.

Eduardo Fontes. Jornalista e administrador