Fortalecer a agropecuária do NE

O Valor Bruto da Produção (VBP) da pecuária na região Nordeste cresceu 30%, nos últimos 10 anos, contribuindo para o aumento da produção nacional, apesar dos seis anos de forte estiagem. Nesse período, merece destaque a ovinocaprinocultura, com o maior rebanho do País; a pecuária leiteira, disseminada em quase todos os municípios nordestinos, e a grande exportação de produtos aquícolas.

Por esses e outros indicadores, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entende que o Nordeste é viável, competitivo e, acima de tudo, sustentável. Nesse sentido, executamos diversas ações voltadas ao fortalecimento da pecuária nordestina, em especial na região semiárida. Entre essas ações, o Projeto Forrageiras para o Semiárido, desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que seleciona variedades de capins perenes, capins anuais, leguminosas e cactáceas que melhor se adaptem às condições climáticas de cada Estado. O principal objetivo é orientar o pecuarista sobre quais forrageiras utilizar.

Com o intuído de salvar o rebanho da região, durante o período de forte estiagem, a CNA conseguiu alterar o critério de enquadramento dos produtores no Programa Venda em Balcão, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Até então, apenas os pecuaristas com imóveis até quatro módulos fiscais acessavam o Programa; atualmente, produtores que possuem até dez módulos fiscais conseguem comprar milho a preços subsidiados. Além disso, conseguimos sensibilizar o Governo para a necessidade de incluir, nos Planos Agrícolas e Pecuários, o financiamento para retenção de matrizes ovinas e caprinas.

Vale destacar, ainda, as conquistas relacionadas às dívidas rurais, uma das principais questões defendidas pela CNA, nos últimos anos. A renegociação e/ou liquidação de dívidas dos produtores rurais, a partir de medidas compatíveis com o problema vivido pelos pecuaristas, foram contempladas nas Leis 13.340/2016 e 13.606/2018, permitindo a reinserção econômica e produtiva de milhares de produtores rurais dos estabelecimentos localizados na área de atuação da Sudene. Todas essas medidas proporcionam maior suporte aos pecuaristas, especialmente em momentos de adversidade climática.

Temos clara e expressiva oportunidade para o desenvolvimento e o fortalecimento da agropecuária da região Nordeste. Mas é imprescindível que haja uma política de Estado para a região e não apenas programas imediatistas.

Esperamos que a base dessa política seja iniciada agora, a partir do XXII PecNordeste cujo tema "Gestão e Mercado: O caminho para o fortalecimento da pecuária nordestina" vai ao encontro dessa busca por um futuro melhor para a pecuária nordestina.

João Martins da S. Júnior

Presidente da CNA