Evitar a desertificação

O desmatamento desordenado, as queimadas, o extrativismo de madeira, o uso intensivo do solo, o manejo e a utilização incorretos das terras agricultáveis são fatores essenciais para expandir a desertificação. Essas causas estão presentes nas áreas desérticas ou em processo de degradação no Ceará, como em Irauçuba, na Zona Norte; no Sertão Central e no Médio Jaguaribe.

As áreas susceptíveis à desertificação, associadas a outras do semi-árido nordestino, especialmente da Bahia, Piauí, Pernambuco e Maranhão, serão expostas, em Madri, Espanha, durante a Conferência das Partes, promovida pela Organização das Nações Unidas. Mudanças climáticas, biocombustíveis, queimadas e o efeito estufa complementarão os painéis desse evento de grande magnitude.

O ambiente de degradação, muitas vezes, resulta da falta de educação ambiental e das práticas conservacionistas do meio natural. No âmbito da agricultura familiar, a questão envolve hábitos herdados de gerações passadas, métodos arcaicos como as queimadas para limpar o pasto. Na agricultura moderna, a causa está na mecanização dos defensivos agrícolas em busca da produtividade.

A degradação das terras secas causa problemas econômicos, comprometendo, de modo especial, a produção de alimentos. Mudar essa realidade exige várias frentes. Na primeira delas, envolvendo as questões macroeconômicas, a ONU procura contemplar com o acompanhamento e a elaboração de relatórios técnicos projetando avanços ou agravamentos.

Os países afetados pelos desertos em expansão - entre eles, o Brasil - celebraram acordos internacionais como a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. O esforço para reversão desse quadro é recente. Em 1992, Fortaleza abrigou a Conferência Internacional sobre Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável no Semi-Árido.

Esse evento foi preparatório à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), sedimentando as condições para a concentração de representações de 70 países, no Rio de Janeiro, preocupados com a degradação do meio físico. Os estudos demonstrativos, o crescimento das áreas desérticas e a carência de meios para reversão de suas causas geraram, em 1994, a Convenção do Combate à Desertificação.

O problema alcança dimensão mundial. Há o objetivo de estancá-lo com o Programa Nacional de Combate à Desertificação, desenvolvido no Brasil com apoio da ONU. O desafio maior é deslocá-lo da cúpula dos governos para a base onde o fenômeno ocorre.

Nesse ponto, Estados e Municípios, mais próximos do meio afetado, poderiam oferecer contrapartida, executando o reflorestamento com o plantio de espécies botânicas menos exigentes com água e adaptadas ao clima quente e seco. Tudo isso, enquanto chegam os recursos tecnológicos para reverter os estragos promovidos na Natureza.

A educação ambiental tem o papel de difundir essas práticas começando pela sensibilização dos governantes.