Estado social

O Brasil jamais poderá adotar o sistema político-econômico do liberalismo puro, como defendem muitos, estribados em exemplos de além-mar, e na filosofia nascida na França do laissez-faire. Significa a versão do capitalismo livre de controles, guiado apenas pelas imposições do mercado, pouco importando as questões de ordem social. O caso da Petrobras é emblemático ao atrelar o preço do combustível ao dólar, visando única e exclusivamente ao lucro dos acionistas. Não é diferente a questão dos bancos, com seus lucros astronômicos e suas taxas não menos, bem ao gosto de rentistas bilionários.

O jurista Paulo Bonavides, no seu clássico livro "Do Estado Liberal ao Estado Social", trata da ainda hoje momentosa questão e demonstra por "a" mais "b" quanto essa política liberal de Adam Smith seria danosa ao Brasil e aos países com graves carências sociais. E se o Brasil buscava o Estado do bem-estar social, voltado para as necessidades básicas da população - Educação, Saúde, Segurança Pública - assistiu ao recrudescimento do liberalismo, onde os interesses de alguns se sobrepõem ao interesse coletivo, aprofundando o fosso da desigualdade social.

Sobreleva notar: grande parcela da população paga impostos sem a contraprestação de serviços de qualidade, e outra é beneficiária de isenções bilionárias e de perdão de dívidas perdulárias. Este é o rosto do liberalismo praticado no Brasil, com a anuência do Estado. Os resultados estão à vista: incontáveis carências , convivendo desarmoniosamente com a riqueza sem compromisso social, centrada no rentismo do dinheiro pelo dinheiro.

 

Eduardo Fontes
Jornalista e administrador