Ensino Público, por quê?

A Escola Pública objetiva preparar cidadãos para uma guerra. Não uma guerra contra um inimigo qualquer. Mas uma guerra contra a Alemanha. E esta, vamos vencê-la".Repetem-se os eternos debates sobre o Ensino Público no Brasil: baixos salários, más condições de trabalho, desprestígio por governantes.

O Ensino Público no Brasil inspirou-se na Escola Pública francesa da Terceira República. Em 1870, os exércitos da Prússia invadiram a França. Esmagaram os exércitos franceses na batalha de Sedan e, para cúmulo da humilhação, proclamaram o primeiro soberano alemão no Palácio de Versalhes, no território do inimigo vencido.

As classes governantes francesas sentiram o golpe. O político Jules Ferry sintetizou: A vitória da Alemanha foi a vitória do professor alemão. A Alemanha vencera porque tinha um povo melhor educado. No começo dos anos 1880, esse político reuniu um grupo de pedagogos e proclamou as chamadas leis Jules Ferry.

As crianças foram obrigadas a frequentar a escola, dos seis aos 13 anos de idade, tanto meninos quanto meninas. Não haveria religião na escola. Para que ninguém deixasse de ir ao colégio por falta de condições, esta seria paga pelo Estado, e nada seria cobrado dos pais.

Cada aldeia teria pelo menos uma escola. Para que os professores tivessem formação uniforme, todos eles teriam de frequentar uma escola para professores, conhecida como Escola Normal. A França se dividia em pequenas regiões chamadas Departamentos. Cada Departamento teria duas Escolas Normais, uma para professores e outra para professoras. E para formar os professores das Escolas Normais, haveria duas Escolas Normais Superiores, próximas de Paris.

Os professores ensinariam a moral e a honestidade, o sentido do dever. Obediência aos pais e autoridades. E, é claro, o patriotismo. Algumas canções infantis tinham ritmo cadenciado, para acostumar os futuros soldados ao ritmo da marcha. Tudo para preparar o povo para uma nova guerra. E esta veio, em 1914.

No Brasil de hoje, o Ensino Público é considerado sob o aspecto, como se diz, social. "Não dar o peixe, mas ensinar a pescar". Quase uma caridade sofisticada. No máximo, como uma forma de fazer justiça. Os interesses do Brasil são outros. Não precisamos nos preparar para nenhuma guerra contra nenhuma potência vizinha.

No entanto, seria interessante se víssemos o Ensino Público não como um luxo, mas como um meio estratégico de o País sobreviver e atingir seus objetivos. Assim como o fizeram aqueles velhos políticos franceses do século XIX.

Paulo Avelino

Administrador