Eleição - importância da imprensa

Escrevo este artigo antes da abertura das urnas. A temperatura eleitoral do Brasil, marcada por preocupante radicalização e uma participação sem precedentes da cidadania, sobretudo na internet, transmitiu um forte recado à Presidência da República, aos governos estaduais e ao Congresso Nacional.

A eleição despertou algo que estava adormecido na alma dos brasileiros: o exercício da cidadania. O povo percebeu, finalmente, que os governantes são representantes da sociedade, mas não são, como pretendem alguns, donos do poder.

Os brasileiros, mesmo os que foram seduzidos pelas lantejoulas do chamado marketing político, não estão dispostos a renunciar aos valores que compõem a essência da nossa história: a paixão pela liberdade e a prática da tolerância e da convivência civilizada.

A radicalização ideológica, de direita ou de esquerda, não tem a cara do brasileiro. Tentam dividir o Brasil ao meio. Jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, homos contra heteros. Querem substituir o Brasil da alegria pelo país do ódio e da divisão. Tentam arrancar com o fórceps da luta de classes o espírito mágico dos brasileiros. Procuram extirpar o DNA, a alma de um povo bom, aberto e multicolorido.

Não querem o Brasil café-com-leite. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evapora nos rarefeitos laboratórios do fanatismo ideológico.

O primeiro dever do jornalismo de qualidade é a independência. Não podemos sucumbir às pressões dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais.

O Brasil eliminou a censura. E só há um desvio pior que o controle governamental da informação: a autocensura. Para o jornalismo não há vetos, tabus e proibições. Informar é um dever ético. E ninguém, ninguém mesmo, impedirá o cumprimento do primeiro mandamento da nossa profissão: transmitir a verdade dos fatos.

Carlos Alberto Di Franco
Jornalista

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