Educação pública

Basta um rápido olhar sobre o atual cenário da educação brasileira e constatamos. Não há muitos motivos para o estudante da escola e da universidade públicas comemorarem este 11 de agosto. No Ensino Superior, ser pesquisador sempre foi assumir-se como o insano cavaleiro andante que luta contra os moinhos de vento. É fato.

Mas não há audácia que resista ao baque do possível corte, em 2019, de todas as bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, anunciado no primeiro dia deste mês, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

No Ensino Básico, assistimos ao desvario chamado Reforma do Ensino Médio, considerada inconstitucional pelo Ministério Público Federal, à época em que foi instituída por Medida Provisória, em 2016. No seu decurso, uma Base Nacional Comum Curricular desobriga e flexibiliza os currículos escolares à inclusão de disciplinas como Geografia, História, Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física, Química e Biologia.

Uma flexibilidade que vilipendia a formação docente e transfere para a escola a difícil missão de oferecer com qualidade o tal currículo flexível, que na prática, mostra-se obscuro e imposto, sem diálogo com aqueles que deveriam compor o núcleo desse debate: os professores.

No conjunto de incoerências, destaca-se a retórica da inovação e da tecnologia, que se apresentam na Base, como recursos essenciais do processo de formação.

No entanto, não encontram a mínima materialidade na rede sucateada que compõe o ensino secundário brasileiro, órfão de políticas educacionais básicas. Se educar é indiscutivelmente um ato político, a aula desse dia 11 de agosto, mais do que nunca, precisaria assumir esse debate.

Maria Anezilany Gomes
Professora da Uece