Editorial: Retomada do otimismo

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), banco de dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, indica que o Ceará encerrou o calendário de 2018 com saldo positivo em empregos chancelados pela Consolidação das Leis Trabalhistas. O ano passado fechou com a criação de 23.081 ocupações com carteira assinada, uma alta de 2,05% se comparado com 2017.

À primeira vista, o índice pode parecer modesto, mas há um quadro em formação que aponta para novos horizontes. Há variáveis que, quando analisadas atentamente, destacam mudanças significativas. Num cenário econômico que mais se assemelha a um quebra-cabeças de peças desconjuntadas, a notícia merece saudação especial, sob o signo da esperança. Afinal, tem-se a ruptura de uma sequência de situações negativas – que vão desde a seca persistente aos recentes ataques de falanges criminosas.
Segundo o Caged, a melhoria do Estado deveu-se à expansão do emprego nos setores de serviços (16.269 postos), indústria de transformação (3.872 postos) e comércio (2.489 postos). Já entre os subsetores, tiveram destaque os de comércio e administração de imóveis, valores mobiliários e serviços técnicos (5.491), serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação (4.863), serviços médicos, odontológicos e veterinários (4.152) e indústria de calçados (3.191).

Listem-se, também, investimentos públicos em infraestrutura, como rodovias e acréscimos ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a concessão do Aeroporto de Fortaleza e a operacionalização dos de Jijoca de Jericoacoara e de Aracati.

Essa é a imagem que se pode visualizar no retrovisor. Há, obviamente, o panorama que está à frente dos cearenses.

Uma das boas referências é o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) do Ceará. Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado (Fiec), o indicador alcança agora em janeiro 63,2 pontos. Trata-se de uma tendência de alta que já vinha se registrando há seis meses, sempre com mais de 50 pontos. A marca atual acrescenta 2,6 pontos ao que se verificou em dezembro do ano passado. A média histórica do índice é de 56,6 pontos, balizada por uma série de elementos apurados nas pesquisas.
No País, ainda segundo a Fiec, o Icei chegou a 64,7 pontos em janeiro, indicando da mesma forma alta confiança do empresariado nacional. Tal marca é 0,9 ponto acima da de dezembro, quando o índice totalizou 63,8 pontos.

É legítimo que se percebam sentimentos otimistas em estudos do gênero, dadas as trocas de governos e os reposicionamentos políticos recentes, mas é igualmente viável a consideração de que ações propositivas podem ser adotadas a partir de situações desfavoráveis. Afinal, é necessário estabelecer um marco entre a tormenta e a bonança.
Tendo em vista as novas possibilidades realçadas pela geração de empregos de 2018 e pelo otimismo da indústria sobre o contexto nacional de 2019, o Ceará precisa superar agora a crise que marca gravemente a segurança pública.

Não se trata tão-somente de restabelecer a normalidade das relações sociais, mas de repavimentar o caminho rumo a condições econômicas estáveis, justas e positivamente compartilhadas.