Editorial: Reação ao crime

A sociedade cearense vive momentos cruciais. Está posta à frente de todos, como ameaça sombria, uma sequência de atos violentos e atentados covardes que podem, acertadamente, e por princípio e fim, serem classificados como terrorismo. O medo, explicável pela brutalidade com que ameaçam vidas, danificam patrimônios público e privado e que alteram rotinas, tem sido uma tônica na composição do cotidiano das pessoas e das instituições.

É legítimo, então, observar que os interesses dos cidadãos encontram-se por ora numa fronteira legal, razão pela qual é fundamental assegurar apoio aos empreendimentos das esferas federal, estadual e municipais, assim como os de entidades civis, no combate aos que atuam na marginalidade. Não se está diante de um fragmento histórico comum, mas de um recorte importante e vital na linha do tempo do Estado.

E é essencial grifar a inadequação de se avaliar que se verifica uma queda de braço pelo domínio do Ceará – visto que não é cabível admitir disputa nesse campo, uma vez que o poder público deve sempre prevalecer e nunca se rebaixar às pretensões de bandidos. Trata-se, sim, de uma ação pública para sufocar o crime organizado em níveis que não permitam às quadrilhas e facções condições de se posicionarem estrategicamente. Os poderes Executivo e Legislativo já deram, com suas respectivas atribuições constitucionais, passos decisivos nesse sentido.

O Ceará tem dado provas de que reúne recursos morais e administrativos para combater ameaças e vencê-las. Obtidas em outros segmentos, há referências indispensáveis para justificar essa defesa. Os obstáculos, portanto, não são intransponíveis.

As expectativas de ampliação da receita pública de tributos são um exemplo digno de destaque. Em 2007, o Estado havia arrecadado R$ 3,9 bilhões, saltando para R$ 6,1 bilhões em 2010. Um acréscimo superior a 56%, vital para o desenvolvimento que a população exige e merece. A educação também apresenta performance exemplar. Entre 2016 e 2017, a taxa de analfabetismo (pessoas com 15 anos ou mais) registrou queda no Ceará, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice caiu 1% e ficou em 14,2%.

Foram metas exemplarmente vencidas. Servem para apontar que bons termos na luta contra o crime podem ser alcançados. Espelhar-se em êxitos assim é, sem dúvida, um estímulo. Seguindo a mesma fórmula da criatividade e do esforço, da dedicação, da austeridade e da vigilância, os propósitos voltados para a segurança pública são factíveis.
Ressalte-se, afinal, que só se obtiveram tais desempenhos graças ao trabalho árduo e sério, tanto dos atores oficiais quanto dos da iniciativa privada. Note-se, ainda, que um dos melhores indicativos para que se apurem os resultados de uma gestão é o conjunto de investimentos e de respostas da coletividade.

É preciso, para que apliquem agora medidas de igual profundidade, haver a contribuição efetiva da sociedade para o enfrentamento da criminalidade. É uma questão de rejeição profunda e absoluta da insegurança e de reação ao terror que se busca impor. 

O cearense está muito acima disso.