Editorial: O desafio de Sérgio Moro

É a Reforma da Previdência a prioridade número um, dois e três do ajuste fiscal – afirmam e repetem os economistas. Mas, tão importante quanto o conserto das contas públicas – para o qual um novo modelo previdenciário se faz urgentemente necessário – é outra grave prioridade: o combate ao crime organizado, cujos tentáculos já chegaram aos poderes da República, inclusive no Judiciário, de que é prova a “Operação 150”, que, segundo a Polícia Federal, envolveu desembargadores do Tribunal de Justiça do Ceará, que teriam vendido por R$ 150 mil, cada uma, liminares para a libertação de traficantes, um caso que está hoje sob julgamento nos tribunais superiores, em Brasília.

O crime organizado e a corrupção são inimigos a serem vencidos. Será uma guerra para a qual o futuro Governo do presidente eleito Jair Bolsonaro está – sob o comando do ex-juiz Sérgio Moro, próximo ministro da Justiça e da Segurança Pública – a preparar-se material e juridicamente. Ao gestor da nova Pasta, estão sendo fornecidos todos os instrumentos legais para o êxito dessa gigantesca operação.

É preciso mesmo estancar o avanço das facções criminosas que, em todas as cidades do País, desde as metrópoles até cidades do interior onde a presença destes grupos já é registrada e perturba a ordem social. Sua força pode ser sentida, inclusive no ambiente político, pois avança as tentativas de os criminosos bancarem e elegerem seus candidatos. Os prejuízos à população são imensos, pois perdem os cidadãos o direito de ir e vir e, com ele, o acesso a serviços básicos, como de saúde e educação. 
Em Fortaleza, como nas demais capitais, os grupos criminosos tentam determinar a rotina e o padrão de comportamento da população dos bairros mais pobres das cidades, por eles dominados. Instauram a política do medo. Há relatos de áreas, na periferia da Capital, onde os táxis e os carros de passeio só podem circular com os vidros abaixados; dos motoqueiros exige-se que tirem os capacetes. A desobediência, pode ser punida com a morte.

O esforço exigido é conjunto, cabendo aos estados sua parte neste combate. A atenção federal ao problema se justifica não apenas por sua gravidade, mas também  pela fato de as facções agirem em articulações interestaduais e mesmo internacionais. 

Terão de juntar-se também as Forças Armadas e seus batalhões de fronteira, pois é através dela que entram no Brasil a droga e os pesados armamentos que fortalecem as organizações criminosas. A todos os agentes da Segurança Pública cabe a difícil e arriscada tarefa de enfrentar criminosos por vezes fortemente armados, agindo em acordo com as leis do País e procurando resguardar a segurança dos cidadãos. 

Sérgio Moro e seu time de especialistas já prometeram atacar o crime organizado com a tática de “seguir o dinheiro”, identificando e fechando os canais pelos quais trafegam os recursos dos diferentes grupos em que estão divididos os traficantes de drogas e outras organizações criminosas no Brasil. 
Enfrentar e vencer os cartéis brasileiros do tráfico de drogas, redes de tráfico humano e, sua aliada, a corrupção será um trabalho hercúleo para o novo governo. A sociedade brasileira espera que vençam as forças da Lei e da ordem.