Editorial: Negócios sustentáveis

A tomada de consciência para as questões ecológicas é um imperativo dos tempos atuais. Se, décadas atrás, governos, organizações e cidadãos davam pouca atenção para os riscos ao meio ambiente, em escala local e planetária, hoje não se pode ignorar as consequências do descaso com o meio ambiente.

No contexto atual, a palavra de ordem é sustentabilidade. No campo econômico, além de se tratar de um retorno, de responsabilidade social das empresas, a condição sustentável na produção, de diversos setores, tornou-se um valioso capital. Há uma larga fatia de mercado, que se expande dia a dia, compreendida por consumidores interessados em manter um comportamento sustentável, o que passa, necessariamente, por suas relações de consumo.

Um desafio, para alguns setores em especial, foi o de reverter a imagem negativa a eles associados. Construção, transporte, atividades agrícolas e atividades de varejo, por exemplo, figuraram em listas de grandes emissores de gases causadores do efeito estufa. Em outros casos, o risco era de poluição do solo e dos mananciais. Desenhava-se uma oposição, simplista, entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental. A tecnologia tem se firmado como aliada, indispensável, para não ser necessária a escolha excludente, entre um caminho e outro.

Novas tecnologias e modelos de negócio inovadores têm permitido a criação de oportunidades, que atendem a demandas ambientais e, aliadas a elas, do consumo consciente. Foi uma aposta otimista, nesse sentido, uma das mensagens da Conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP 24, realizada em dezembro na Polônia. Empresas do mundo todo devem ser vistas, também, mas como parceiras para ação climática.

A contribuição da iniciativa privada foi uma das principais questões discutidas na Conferência COP 24, que reuniu representantes de mais de 150 países, incluindo o Brasil. O objetivo maior do encontro foi o de avançar as negociações em torno da implementação do acordo de ação climática adotado em Paris em 2015, quando 197 partes se comprometeram a trabalhar para limitar o aquecimento global, para uma temperatura de apenas 1,5°C acima de níveis registrados em tempos pré-industriais.

Na ocasião, o Brasil apresentou o relatório de ações no meio ambiente, que permitiram o País cumprir a meta de redução de gases na atmosfera, com dois anos de antecedência. Somente em 2018, houve a queda na emissão de 1,28 bilhão de toneladas de carbono. A proeza se deu, claro, a partir de um bom entendimento entre a administração pública e o setor privado.

É papel do Estado brasileiro fazer essa ponte, dialogando com outras nações e agências internacionais, para projetar ações que sejam boas para o País, para a região e para o mundo. Para tal, é preciso estar atento ao que as empresas têm feito nesse sentido e estimular para que, cada vez mais, o caminho sustentável seja trilhado, tanto quando possível.

O Brasil desistiu de sediar COP 25, alegando o alto custo para realizar o encontro, justamente quando tenta acertar suas contas, aumentando a arrecadação e contendo gastos. Importante que o contratempo não o tire do caminho dos bons resultados, como apresentados na última edição da conferência.


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