Editorial: Ministro Moro

Sérgio Moro, que se tornou símbolo da Operação Lava Jato, será o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública do presidente Jair Bolsonaro. Ao abrigo de sua Pasta estarão - entre outros organismos - a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que detecta e identifica quem pratica o que, no linguajar policial, é o tradicional e criminoso esporte da lavagem de dinheiro. Moro - uma das personalidades mais populares do País - terá de renunciar à magistratura, à qual emprestou nos últimos 22 anos todo o seu talento e seu compromisso com a ética e a moralidade, julgando, condenando ou absolvendo os acusados de diferentes crimes. Ele será um superministro - assim como o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, que absorverá as antigas pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio. Mas até que aconteça a sua posse, no dia 1º de janeiro de 2019, Sérgio Moro será - como já está sendo - alvo da artilharia do PT e dos demais partidos da oposição. Ciro Gomes, maior liderança do PDT, derrotado no primeiro turno da eleição presidencial, já disse que Moro é um "politiqueiro", sugerindo que suas últimas decisões como magistrado são prova do que afirma. Por sua vez, o PT - pela voz de seus principais líderes, entre os quais sua presidente Gleisi Hofmann - já recorreu aos tribunais superiores pedindo a anulação de todo o bloco de sentenças produzidas por Moro, incluindo a que condenou o ex-presidente Lula pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. O que dirão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) só o tempo poderá dizer.

Subtraídas as razões subjetivas e as visões políticas da decisão do juiz Sérgio Moro de aceitar o convite do presidente eleito para assumir o futuro Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobressaem os compromissos do presidente Bolsonaro com a sociedade brasileira, à qual prometeu o fim da corrupção, a volta da ética e da moralidade à gestão pública, o retorno do País ao caminho do desenvolvimento econômico e social e um governo integrado por profissionais de reconhecida competência e ilibada conduta. É aí que se enquadra a figura de Sérgio Moro, na qual a maioria da população se enxerga e por isto mesmo o aplaude pelo seu denodado esforço de combate à corrupção, aos corruptos e aos corruptores. Ao longo dos últimos quatro anos, Moro julgou e condenou grandes e respeitáveis empresários e importantes e famosos líderes da política brasileira, dividindo em dois períodos a história recente do Brasil - o do antes e o do depois da Lava Jato. Moro alcançou, como consequência de sua severa atuação, uma popularidade que se equivale à de seu futuro chefe. É por esta razão mesma que a imprensa mundial deu ontem largo destaque à sua decisão de integrar o enxuto ministério de Bolsonaro, ao qual, aliás, ele impõe agora um selo de qualidade moral e de competência técnica, o mesmo selo que aportou o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, que já convocou para o seu time um grupo de executivos recrutados na iniciativa privada, cada um deles especialista na área em que atuarão.

Não será fácil, todavia, a vida do presidente eleito e dos seus ministros da Fazenda e da Justiça e Segurança, que já circulam sob forte aparato de segurança. O Brasil tem a perspectiva de entrar em um novo ciclo - o do crescimento econômico, com as diretas e imediatas consequências sociais. Operadores do mercado já admitem que, no próximo ano, o PIB brasileiro poderá crescer até 4%. A expectativa dos agentes econômicos diante do futuro Governo é altamente positiva, e a chegada do juiz Sério Moro ao futuro ministério acende o fogo da esperança de que o Brasil - rico por natureza - reencontrará seu caminho de progresso. Resta ao Congresso Nacional - isto é, aos senadores e deputados - prestar apoio ao esforço de recuperação nacional, aprovando as reformas de que o País precisa para vencer a crise.


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