Editorial: Articulações essenciais

O Nordeste encerrou as estatísticas de 2018 verificando redução média de 2,5% no custo da cesta básica em relação à mesma base de comparação com o ano de 2017.A cesta é a principal referência das despesas mensais dos trabalhadores e suas famílias. O período confirmou na Região o conjunto de preços mais baixo do Brasil, no valor de R$ 358,31, segundo estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), órgão vinculado ao Banco do Nordeste. 

Fortaleza, entre as capitais abrangidas pela pesquisa, foi a que teve índice mais modesto, chegando a – 1,3%. Comparando com Salvador, BA (– 3,7%); João Pessoa, PB (– 3,3%); Aracaju, SE (– 1,9%); Recife, PE (– 1,9%); São Luís, MA (– 1,9%); e Natal, RN (– 1,5%), o desempenho da metrópole cearense é, de fato, menos expressivo, mas não deve ser minimizado. Afinal, superaram-se aqui dificuldades estruturais e conjunturais bastante graves, sobremaneira nos campos da geração de emprego e renda – num real desequilíbrio entre os esforços do Estado e do Município, de um lado, e da União, do outro – e da segurança pública.

Ressalte-se que os dados analisados pelo Etene, originalmente coletados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), não contemplam a situação em outras duas capitais nordestinas – Teresina (PI) e Maceió (AL).

Essa apuração, de caráter eminentemente técnico, demonstra uma ruptura num ciclo de aumentos e, de modo igualmente auspicioso, aponta que nenhuma capital nordestina registrou alta no valor dos alimentos. Agora, a expectativa de interrupção da seca que já afeta a economia e a sociedade nordestinas há mais de sete anos, ora vivenciada por um quadro otimista de chuvas, somada a dados assim, oferece uma perspectiva menos hostil para quem vive e empreende aqui.

Importante se faz, então, que se fortaleçam as bases do diálogo entre as esferas administrativas e políticas, uma vez que é somente sobre estruturas sólidas que se podem almejar e obter ações e projetos consequentes com foco no desenvolvimento. E que haja, por parte do Poder Público, maturidade e responsabilidade que deem substância às iniciativas necessárias.

Um elenco de medidas impostergáveis, alcançando campo e cidades, como o alongamento de prazos de liquidação de dívidas rurais e o estabelecimento de incentivos e garantias para que empresas de pequenos, médios e grandes portes tenham fôlego nas difíceis relações produtivas, precisa ocupar espaços de destaque nas pautas.
É válido observar, para sustentar a tese do necessário e indispensável diálogo, que o Congresso Nacional, onde se fazem representar as mais distintas camadas sociais, já é cena de mobilizações constantes respectivas à cesta básica – desde propostas que alteram os itens que a compõem a articulações de produtores e parlamentares que buscam impulsionar segmentos da economia. 

Há, portanto, o ambiente propício para sedimentar interações, negociações e acordos. E isso, por si, já representa horizontes propícios para reconfigurações de uma realidade hoje classificável como adversa. Mas é imprescindível que cada um desempenhe correta e competentemente suas funções.


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