Editorial: A boa competitividade


Um desafio se impõe para as gestões públicas que se iniciarão em 1º de janeiro, tanto a da União quanto as dos estados: o enfrentamento da pobreza.
E isso deve se configurar como tarefa habitual, como norma de conduta republicana, considerando que as administrações e outras representações sociais, como entidades de classe, já venham travando embates do gênero – ora com êxito, ora não –, às vezes de forma descoordenada.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atestou, em estudos recentes, que o número de pobres avançou no País, já alcançando 54,8 milhões de pessoas. Nesse quadro, o mercado de trabalho perde postos progressivamente, a informalidade cresce como alternativa às demandas do cidadão por ocupações, e os rendimentos de assalariados e autônomos regularizados sofrem achatamentos constantes.

Tem prevalecido no País, por razões várias, um panorama no qual o planejamento não se destaca, já que está submetido a um raquitismo crônico e a uma dependência externa avassaladora.

As mesmas análises indicam que 12,5% da população economicamente ativa no Brasil estão excluídos dos meios produtivos, assim como relatam que a pobreza compreende 43,4% das crianças e adolescentes. São cenários sem precedentes e de extrema gravidade. Não se trata apenas da segurança financeira das famílias – o que já seria muito, se fosse observado apenas esse elemento para avaliações conjuntural e estrutural –, mas de toda a economia nacional e das perspectivas que esta reúne.

Nesse horizonte, a fórmula ideal tende a ser a do crescimento, mas não a qualquer custo, e sim de forma sustentada, com a preservação de direitos e deveres, associando-se a isso a modernização de leis e a aplicação de conceitos atuais às relações sociais nas mais distintas instâncias. E, como regra, o respeito às regras constitucionais.
O equacionamento das contas públicas, as quais se conectam ao desempenho dos empreendimentos particulares, é meta indispensável para que se ampliem investimentos em todos os campos, principalmente na infraestrutura e na modernização e ampliação da produção de bens e serviços sofisticados. Será esse um caminho eficiente e seguro para a consolidação de uma almejada condição de competitividade.

A gente do Ceará, a exemplo da população de outros estados do Nordeste, também cobra dos governos municipais, estadual e federal providências para o convívio com a seca. Resistente e resiliente, a Região dá provas frequentes do quanto é criativa e capaz de contornar adversidades, como as estiagens intensas, tornando-se referência obrigatória em como ser possível converter obstáculos em plataformas.

O que se busca em prazo mais curto, então, é o restabelecimento da confiança, num cenário de contas públicas ajustadas e de crescimento, além da melhoria do ambiente de negócios por meio da segurança jurídica, da desburocratização, da reforma tributária e de um câmbio competitivo.

Ou, ainda, a intercalação de critérios que formem condições fundamentais para estimular os investimentos, para apoiar os menores, para descobrir e estimular vantagens que podem e devem ser compartilhadas.


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