Desejo e frustração

A mente começa a se formar diante das primeiras alucinações dos desejos. Mas parece que é nesse instante que também principia o efeito da capacidade de entender, aceitar e superar frustrações. A gangorra do desejo e da frustração é contínua. A felicidade é mais provável ser alcançada quando os desejos são pouco exigidos; pois mais ricos são as pessoas que têm necessidade de pouco, não somente os que tem muito a dividir. Interessante vivenciar o desejo diante da provável frustração; e ainda mais, a frustração diante do desejo inalcançado. O desejo alimenta a vida, mas não deve ser a energia mais preciosa dela. Apesar de tudo, a frustração ensina. Quanto mais cedo se planta a semente da frustração, mais rápido crescem a árvore da aceitação e o fruto da superação. Preparemo-nos para o inesperado. A caixa da mente esconde as mazelas dos pensamentos; mas parece que lembramo-nos mais dos maltratos e infortúnios do tempo, que das alegrias e sucesso que ele oferece. Como dominar a mente na adversidade, ou no momento que temos tudo para entrar na areia movediça do sofrimento? O conhecimento e ainda mais o autoconhecimento podem ser preciosos alicerces para explodir ou explicar frustrações. O tempo, muitas vezes é o melhor remédio. Interessante colocar-se na posição do outro para crescer na frustração.

Aprender com a experiência alheia pode ser valioso, mas não cria o solo mais fértil à construção da mente. A capacidade de pensar e a alegria de colher o bônus do saber diferencia os homens. O bem servir esconde frustrações. O espelho da vida às vezes reflete a frustração do desejo. Aprendamos a viver.

Russen Moreira Conrado. Médico e escritor