Debates em voga

Na atual campanha o debate entre postulantes à Presidência da República é inovação subestimada, pois envolve os treze candidatos à Chefia do Executivo, prolongando por duas horas cada programa, com o intuito de chegar-se ao exercício no cargo maior da Administração Federal. As equipes econômicas são as mais requisitadas, a fim de oferecerem soluções para problemas relevantes. Entrevistadores competentes questionam para desnortear os técnicos, com inquirições capciosas, geradoras de dúvidas entre os ouvintes, além de comentaristas que, no dia seguinte, analisam na imprensa escrita. As discórdias de pontos de vista sobre temas complexos tornaram-se comentários esclarecedores, suscitando dúvidas que sofrem o influxo desnorteador dos que se contrapuserem aos debatedores, sob vários ângulos. Os assessores econômicos são os mais solicitados ante a delicadeza da matéria prolongando, na Mídia escrita, críticas que ensejam novas colocações, de teor assemelhado. Os aspirantes ao cargo de Temer situaram-se na defesa de alegações dos respectivos assessores, gerando novas concepções, desdobradas em pontos diferentes ou até mesmo iguais. Os telespectadores enveredam por caminhos, às vezes, divergentes, e buscam saídas compatíveis com o interesse popular. Por isso, esta campanha desperta enorme interesse na mais didática pregação democrática que se tem notícia na tradição política brasileira. Para um jornalista percuciente, o candidato que mais se excede na explanação de suas diretrizes é o que se torna mais vulnerável para os críticos severos, com base no axioma: "Quem muito fala, muito erra..."

Mauro Benevides
Jornalista