Contra a violência

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano: "Fraternidade e Superação da Violência", tendo como lema: "Em Cristo, somos todos irmãos" ,é bastante inspirado para os dias atuais. A violência, no sentido amplo, é vista apenas como aquela das estatísticas policiais, medida pelo número de homicídios, estupros, latrocínios, rebeliões em presídios, e o imenso rol de mortes de inocentes, na maioria jovens. Esta é a violência explícita, publicada pelas mídias.

Mas há uma outra violência implícita, escondida e não compreendida pela maioria da população. É a violência praticada pelo governo, pelo Estado politicamente (des)organizado. A violência subreptícia, praticada pelo poder estatal de forma direta ou dissimulada, sempre no sentido de tirar direitos dos menos aquinhoados em favor dos mais favorecidos, seja na área pública ou privada. Isto ocorre nos trâmites burocráticos, na sanha arrecadadora da máquina tributária, na ação policial e de trânsito, sempre mais atenta para punir o pequeno, o pobre, o negro, o desgraçado. Ocorre também na Justiça. No Legislativo. Superar a violência, portanto, não é apenas mitigar as mortes nos subúrbios e entre jovens drogados, cujas mortes ficam na impunidade.

Fraternidade e Superação da Violência é redesenhar o modelo de Estado, hoje de costas para as necessidades das populações marginalizadas, a quem falta o mínimo de assistência e de serviços básicos. De pouco adianta promover ações pirotécnicas, na área da (in)segurança pública, se o Estado não promover a cidadania, nos termos do art.5º da Constituição Federal, inclusive Educação e Saúde.

Eduardo Fontes. Jornalista e administrador