Castanhão volta ao debate

Produtores rurais, vereadores, prefeitos e representantes de entidades de classe discutiram, ontem, pela manhã, em audiência pública, realizada na Câmara Municipal desta cidade, a transferência de água do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), por meio do Eixão das Águas. Esta matéria da editoria Regional, de terça-feira, 17/4, foi a mais lida da semana no Diário do Nordeste.

O clima era de indignação com a decisão do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conern) que, no último dia 3/4, autorizou a transferência, por meio de bombeamento, de água do Sistema Castanhão para Fortaleza. "Isso é um absurdo, passa por cima da decisão coletiva dos comitês de Bacia Hidrográfica", disse o vereador e presidente do Comitê da Bacia do Médio Jaguaribe, Daniel Linhares.

Sem compensação

Participantes da audiência frisaram que havia um entendimento de que a água só seria transferida após o fim da quadra chuvosa. "Fomos surpreendidos mais uma vez", disse Linhares. "Em junho próximo, haverá a reunião de alocação de água dos Vales do Banabuiú, Jaguaribe e Salgado e este é o fórum adequado para decisão sobre a vazão de água nos açudes". No início da quadra chuvosa, o Castanhão acumulava 150 milhões de m³.

Na terça-feira, 17/4, segundo a Cogerh, estava com 432 milhões de m³, ou seja, 6,45%. Na próxima semana, será elaborado um documento a ser entregue ao governo do Estado solicitando a suspensão da transferência de água até o fim da quadra chuvosa e medidas compensatórias para a região. "Não somos contra a retirada de água para Região Metropolitana de Fortaleza, mas não podemos ser prejudicados", frisou o prefeito de Jaguaribara, Joacy Alves dos Santos Júnior (Juju). "Na Capital, não tem racionamento, mas aqui tem para moradores e produtores", destacou o prefeito, lembrando que há várias localidades enfrentando crise hídrica no entorno do Castanhão.