Busca de uma solução pacífica

O Brasil, como nação líder da América do Sul, com tradição diplomática na solução de problemas internacionais – onde avulta a figura do Barão do Rio Branco – é detentor de vasta experiência para resolver questões da magnitude da atual crise política vivenciada pela Venezuela. 

O presidente Jair Bolsonaro, na sua rápida apresentação em Davos, perfilou o Brasil aos países contrários ao governo de Nicolás Maduro, inquinado de ilegítimo em razão das fraudes apontadas nas últimas eleições. Naquela ocasião, o presidente Bolsonaro poderia ter mostrado, de logo, a sua estatura de estadista e de líder político na região, não se filiando de imediato à corrente liderada por Donald Trump, presidente dos EUA, mas colocando o seu nome à disposição para a busca de uma solução negociada com a Venezuela. Ele não seria apenas mais um entre os apoiadores da destituição de Maduro, mas um “tertius” na busca de uma solução pacífica, sem conflagração e morte de inocentes, como prenuncia o horizonte. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, dizem os versos da canção famosa. 

Bolsonaro perdeu, naquela ocasião, a oportunidade de firmar o Brasil como capaz de mediar o grave impasse, em vez de colocar-se na retaguarda da fila dos contestadores da eleição de Maduro. Aliou-se à liderança do imprevisível Trump, com o seu rosário de ameaças e retaliações, ensejando a países títeres se alçarem à condição de defensores da democracia, como Putin, no poder desde 1999, Xi Jinping, presidente vitalício da China, Erdogan, ditador da Turquia, Miguel Díaz Canel, de Cuba, além do presidente do México, Andrés Obrador, este por razões decorrentes da construção do muro de Trump. 

O Brasil perdeu a oportunidade de afirmar-se líder do processo de pacificação na Venezuela e de, ao mesmo tempo, calar os ditadores defensores da “democracia” e de varrer do continente ingerências outras de natureza duvidosa.


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