Avanços científicos e agricultura

Atualmente, muito se fala sobre o uso de pesticidas e o impacto deles na produção agrícola brasileira, mas pouco se aborda a ciência por trás de produtos fitossanitários e todo o minucioso processo que resulta em opções mais modernas e seguras.

A cadeia de produção de um novo defensivo envolve a pesquisa de moléculas, testes de desenvolvimento e procedimentos de avaliação para a obtenção do registro. Cerca de 160 mil moléculas são sintetizadas em busca de ingredientes cada vez menos tóxicos e mais específicos para novas pragas e culturas. Depois de passar por análises ecotoxicológicas e estudos virtuais e in vitro para garantir sua eficácia e segurança, são selecionadas entre 200 e 300 moléculas, menos de 0,2% das originais, para o estágio de desenvolvimento, quando testes de eficácia são feitos em cerca de 5 moléculas. A partir daí são avaliados os potenciais cancerígenos, imunotóxicos, neurotóxicos e também efeitos sobre os sistemas endócrinos e reprodutivos. Por fim, na fase de registro, uma molécula é selecionada e sobre ela é entregue um dossiê para os órgãos reguladores responsáveis – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – contendo todos os estudos de eficácia e segurança realizados, para que possam analisar os dados e decidir sobre o registro.

Todo esse processo, que costuma levar de 17 a 20 anos e tem um custo médio de US$ 286 milhões, está respaldado em uma enorme evolução científica e baseado em processos que nunca foram tão precisos. Para que os investimentos sigam sendo feitos, é essencial que haja previsibilidade no processo regulatório. Hoje, no Brasil, se leva em média 8 anos para aprovar novas tecnologias, enquanto outros países levam 2,5 anos. Este cenário precisa mudar o mais rápido possível para o bem da agricultura brasileira.


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