As 'águias' chegaram

A Força Aérea Brasileira (FAB), a mais moderna das nossas três Forças singulares, teve seu "ninho das águias" gestado no seio do Exército brasileiro. É por isso que ambas as Forças guardam entre si uma grande camaradagem. Digo isso, após minha convivência com os militares daquela Força, especialmente à época em que servi na Amazônia, quando o cumprimento das missões só se fazia se tivéssemos o apoio aéreo, coisa que nunca faltou. Quando Santos Dumont fez seu famoso voo com o 14-Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris, em 23 de outubro de 1906, os cadetes brasileiros ficaram irrequietos com a nova descoberta. E, assim, graças ao esforço e entusiasmo de três jovens tenentes do Exército - Bento Ribeiro, Mário Barbedo e Alzir Mendes- nasceu nos Afonsos-RJ, a Escola de Aviação Militar, em 10 de julho de 1919.

Esta escola recebeu um núcleo de instrutores franceses comandado pelo coronel Lucien Magnin, que iniciou a formação dos nossos pilotos. A 1ª turma, em 1920, foi constituída de 13 oficiais, dentre os quais o tenente Ângelo Mendes de Morais, que, em 1950, quando Prefeito do RJ, construiu o Estádio do Maracanã. Em 1927, a Aviação passou a ser a 5ª Arma do Exército, sendo as outras, a Infantaria, a Cavalaria, a Artilharia e a Engenharia. Em 1931, foi criada a sua primeira Unidade, o Grupo Misto de Aviação, no Campo dos Afonsos, cujo comandante era o Major Aviador Eduardo Gomes. Os outros "águias" eram os tenentes-aviadores Cassimiro Montenegro Filho, Joelmir Campos de Araripe Macedo e Márcio de Souza e Mello; da 3ª turma, Nelson Freire Lavanére - Wanderley, e da 4ª, Faria Lima, dentre outros. Finalmente, em 20 de janeiro de 1941, foi criado o Ministério da Aeronáutica.

Com o tempo, Eduardo Gomes foi escolhido Patrono da Força Aérea, Cassimiro Montenegro, Patrono da Engenharia Aeronáutica e Lavanére- Wanderley, Patrono do Correio Aéreo. Nesta homenagem à FAB, desejo lembrar os amigos: o Brig. Souza e Silva, do Grupo Guararapes, o Brig. Baginski, que comandou Fortaleza e a AFA, e o Brig. Camarão, que comandou o II Comar, em Belém, e era o benfeitor dos índios da Amazônia.

Rui Pinheiro Silva
Coronel reformado do Exército