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Ao raiar da madrugada

A cada dia chega-se mais perto do 2º turno eleitoral deste 2018, quando a massa votante decidirá a sorte de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, num confronto para o qual convergem as atenções da comunidade nacional, convicta da perspectiva de vitória daquele que será o seu preferido, numa seletividade criteriosa, já que na batalha anterior existia mais de uma dúzia de postulantes à sucessão do presidente Michel Temer.

Os dois concorrentes desdobram-se em articulações com as forças populares, na simultaneidade dos veículos de propaganda, não faltando as redes sociais, - hoje consideradas instrumentos de importância vital para a captação de simpatia e consequente apoio.

Recuperado da barbaridade a que esteve submetido, Jair Bolsonaro e seus conselheiros buscam apoio de diversos matizes, em configuração que transborda o limite partidário, com vistas a alcançar segmentos ponderáveis, que possuam táticas de convencimento de parcela relevante do eleitorado.

Sinalizando uma antecipação do dia do embate, já se registraram alguns incidentes entre adeptos dos dois concorrentes, tudo amainado por sábios aconselhamentos, a fim de que não perturbem a tranquilidade daqueles que exercitarão a sublime prerrogativa de selecionar o melhor para ocupar o Planalto.

Na televisão, sobretudo, concentram-se as preferências dos eleitores, à medida em que se aproxima de uma definição quase sempre pesada e mensurada com cautela extrapolada, diante da cabine, sob a fiscalização implacável de Mesários, conscientes dos seus encargos e da lisura com que o processo deva se concretizar.

Na noite deste domingo aflorará tal decisão, antes mesmo de se cantarolar a famosa "musiquinha" de passado carnaval, que dizia "ao raiar da madrugada...".

O Brasil, desse modo, terá dado como resposta, mais uma demonstração de vivência democrática.

Mauro Benevides
Jornalista

Quando a mediocridade sobressai

Cristóvão Colombo quando zarpou do Porto de Palos, na Espanha, no dia 6 de setembro de 1492, não sabia para onde ia.

Ao ancorar na Ilha de Martinica (nas atuais Antilhas), em 12 de outubro de 1492, nunca lhe passou pela cabeça que havia chegado ao Novo Mundo, mas sim às Índias ou a China, como revelam suas anotações de bordo.

Inobstante todas essas trampolinagens, ficou imortalizado na história como um grande navegador. Assim como antanho, nos dias de hoje, alguns medíocres, aventureiros, geralmente vencem e ficam famosos não por méritos pessoais, mas por serem audaciosos, como Cristóvão Colombo o foi.

O tempo e a história nos levam a admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de vitórias, sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos, que não revelam o apetite do poder e que aprenderam a agir pelos seus conhecimentos, não se valendo da retórica sofista, nem do argumento especioso, falando bem em poucas palavras, mas sempre com clarividência que a experiência da vida lhes ensinou.

Em todas as áreas de atividades encontramos sábios e medíocres, mas é preciso considerar que estes últimos, ladinos, oportunistas e ambiciosos quase sempre, tomam as posições que deveriam ser ocupadas pelos competentes, talentosos, inteligentes que, no mais das vezes, não mantêm o hábito de salvaguardar suas posições alcançadas.

Em epílogo, é cabível lembrar a trova de António Alexo, renomado poeta português: "Há tantos burros mandando/Em homens de inteligência/Que às vezes fico pensando/Que a burrice é uma ciência."

Luiz Itamar Pessoa
Advogado


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