Ainda Ramiro Feio

As incontáveis peripécias de Ramiro Feio ou Ramiro, o Feio, formariam livros. Tipo popular cratense, apresentado no artiguete anterior, retorna hoje, continuando ainda mais o prosear.

Não bastasse agosto ter-se, no dizer centenário e de muitas partes do mundo, como o mês do cão louco, no Crato registrou-se um preocupante surto de cães hidrófobos. Palavra difícil para os não letrados, recebeu a expressão de "cachorro doente" ou, ainda, "cachorro doido".

Bastava um animal parecer cansado ou indolente ou, ao contrário, arisco, logo recebia o diagnóstico.

Ramiro, em mansa leseira, descia a ladeira da Rua do Seminário, quando uma senhora gritou preocupada: "Meu senhor! Atrás do senhor vem vindo um cachorro doente!". Ele parou e, calmamente, perguntou à mulher: "E daí, a senhora está me achando com cara de médico?". E seguiu, tranquilamente, o caminho.

O Sítio Fundão, por muito extenso e conhecido, no costume natural da cidade, passou a denominar toda a localidade onde se situava.

Monsenhor Francisco de Assis Feitosa desejava conversar com seu amigo Jéferson da Franca Alencar, morador daquela área. Chamou Ramiro e solicitou-lhe "procurar alguém do Fundão e trazer a sua presença, pois queria mandar um recado para Jéferson".

Ramiro rumou até a feira, avistou uma senhora e falou-lhe: "Oi, dona! Monsenhor Assis quer falar com a senhora!". Espantada, a mulher indagou: "Comigo? O quê ele quer?".

No Seminário, o pároco soube não ser ela residente do lugar, pediu desculpas e dispensou-a.

"Ramiro, você é doido?". A resposta: "Ora doido! O senhor disse que eu procurasse uma pessoa do fundão. O dela foi o maior que já vi! Agora é melhor o senhor pagar meu trabalho, que tô vexado e pronto!".

Créditos as informações sobre Ramiro faça-se à revista Itaytera, Número 25, Ano 1981, Instituto Cultural do Cariri (ICC), Crato, Ceará.


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