Água, recurso finito

A água, recurso finito, de grande valor econômico, cada vez mais se torna escassa, em razão do uso intensivo, dos desperdícios e de gestão inadequada. Por essas razões, a Organização das Nações Unidas tem programado, todos os anos, desde 1992, a divulgação dos avanços conseguidos na recuperação dos mananciais, no emprego adequado de suas reservas, bem como dos empreendimentos malsucedidos, tendo a água como insumo básico.

Desse modo, ontem, como parte dos atos comemorativos do Dia Mundial da Água, o Brasil divulgou um levantamento exaustivo sobre oferta e demanda de água para consumo humano nos 5.565 municípios do País, além do volume de recursos para ampliar tanto os serviços de abastecimento de água tratada como de esgotamento sanitário. O saneamento básico integra um dos pilares do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os recursos hídricos constituem um dos graves contrastes da realidade nacional, por ser o País privilegiado ao armazenar 11,6% de toda a água doce do Planeta, abrigando, ainda, o maior rio do mundo, o Amazonas, e o maior reservatório de água subterrânea, o sistema aquífero Guarani. Essa riqueza hídrica expressiva contrasta com a sua distribuição espacial, pelo fato de que 70% dessas reservas estão concentradas na Amazônia, enquanto apenas 3% se localizam no semiárido do Nordeste. O Sul e o Sudeste também têm água abundante.

Ainda assim, os problemas de abastecimento humano se agravam pelo consumo crescente. No estudo denominado "Atlas Brasil", a Agência Nacional de Águas (ANA), ao radiografar a oferta e consumo de água de 55% dos municípios brasileiros, antevê carência no suprimento até 2015. E, para garantir-lhes parcialmente o saneamento básico, haverá necessidade de investimentos estimados em R$ 70 bilhões.

A Agência Nacional de Águas adotou o critério populacional ao quantificar as inversões financeiras nos municípios mais carentes. A população brasileira em 2025 é estimada em 196 milhões de habitantes. Até lá, dos R$ 70 bilhões projetados, 47,8 bilhões deverão ser carreados para a coleta e tratamento de esgotos, evitando-se, assim, em parte, a poluição das fontes de abastecimento de água.

Pelas estimativas do planejamento governamental, em 2025 as regiões Sudeste e Nordeste irão exigir 71% da demanda nacional por água. Essas duas regiões receberam, no estudo, tratamento destacado por concentrarem os maiores aglomerados urbanos. O Nordeste, particularmente, registra também o maior número de municípios com abastecimento de água considerado apenas satisfatório.

Em meio a esse quadro de carências, o Ceará vem registrando aumento no consumo de água tratada. Em 2006, a quantidade levantada pela Cagece chegou a 173,6 milhões de metros cúbicos. Em 2009, alcançou 192,7 milhões e, em 2010, 212,1 milhões de metros cúbicos. Apesar do elevado volume de desperdício de água e das deficiências na distribuição em áreas carentes, o setor evoluiu, ao contrário do esgotamento sanitário, que ainda é um grande desafio.