Aborto em debate

Na atual conjuntura de retrocessos políticos, uma das prioridades de luta para o Movimento Feminista é a legalização do aborto. Segundo o Ibope, 64% dos brasileiros entendem que a decisão sobre o aborto deve ser da mulher e discordam da prisão para as que abortaram. Mas os setores conservadores que dominam o Legislativo querem passar por cima da maioria de nós para impor seu projeto de morte, buscando proibir o aborto, inclusive em casos de estupro e risco de morte para as mulheres. Querem nos obrigar a parir filhos de estuprador, enquanto absolvem os verdadeiros criminosos como se nossas vidas fossem lixo.

O discurso fundamentalista impõe uma moral que humaniza células e reduz a vida das mulheres à obrigação de ser mãe, legitimando a cultura do estupro, condenando mulheres vítimas dessa violência à cadeia ou à morte. A bancada evangélica não representa nem mesmo os religiosos que vivem sua fé de forma honesta, sem impor seu credo para quem não compartilha dele. Recorrer ao aborto não é uma decisão fácil e irresponsável como os pregadores do ódio querem fazer acreditar. Nenhum homem é punido quando decide não ter filhos, a maternidade também deve ser uma escolha e não uma obrigação. A criminalização do aborto é um projeto pensado por homens que odeiam a liberdade das mulheres. Entre os projetos de lei e propostas que ameaçam os direitos reprodutivos, estão: PL 5069/2013; PL 478/2007; PEC 164/2012; PEC 29/2015; PEC 58/2011 e PEC 181/2015. É preciso somar forças para evitar a aprovação desses projetos que ameaçam ainda mais a vida de milhares de brasileiras.

Diana Maia. Membro do Fórum de Mulheres do CE