A vida e a morte

Através de uma visão natural da vida a pessoa nasce, cresce, torna-se adulta e envelhece encontrando a morte no final da existência. Transição, finitude, prólogo para outra vida ou continuidade de vidas passadas?

Vitor Hugo encarou a morte com romantismo, Tolstoi declarou-se indiferente e Chateaubriand odiava. Os escritores acreditam que os covardes morrem mil vezes e os bravos somente uma. A morte se constitui obsessão para quem tem sentimento de culpa e medo mórbido. Para cristãos, muçulmanos e parte dos judeus, a morte é uma separação temporária.

A crença de um mundo melhor é fundamentalmente cristã. Quando o corpo se transforma em alma, vive para sempre tendo como recompensa o paraíso celestial. Onde certamente se encontram os saudosos pais, após uma existência muito honrada, com dignidade, fraternidade, lealdade e imensurável amor aos filhos.

Na morte do cônjuge, dos pais, ou filhos, os sintomas depressivos de perda são agravados com a natureza da morte, a família distante, relacionamentos difíceis e pobreza. Na morte de um filho morremos também, em parte.

Os idosos devem reagir com mais serenidade às perdas psicológicas. Entretanto debilitados, sofrendo solidão têm reações de luto mais fortes. Às vezes morrem mais cedo, logo após a morte do cônjuge. Necessitam de apoio familiar e procedimentos médico-psicológicos.

A morte significa a cessação completa das funções vitais, É um fenômeno universal irrecorrível, parte insubstituível da vida. Todos nós morreremos um dia. Fé em Deus e fraternidade. A religião vê na morte o início de outra existência, consagrando para eternidade. Os sentimentos de pesar persistem.

Com o passar do tempo estas reações vão desaparecendo parcialmente. O funeral é a demonstração pública coletiva do luto. As famílias se reúnem e exprimem estado de tristeza. Nossos pais já se foram. Muitos amigos também.

E nós, quando iremos? Por que temer a morte se Deus no deu a vida? Vamos viver a vida com as bênçãos do Senhor.

Josué de Castro. Médico, professor e escritor