A única saída

Os brasileiros passaram os últimos 30 anos sendo instigados ao confronto. Não por acaso, esse período coincide com a formação e a consolidação do Partido dos Trabalhadores, cuja militância fez da raiva sua principal ferramenta política, impossibilitando qualquer forma de diálogo. Tal indisposição democrática gerou os frutos, na forma de um antipetismo igualmente feroz e intolerante, o que viabilizou até mesmo a candidatura presidencial que faz da truculência seu projeto de governo.

Pode-se dizer que o estado de confragação estimulado por estes dois agrupamentos é precisamente o que lhes fornece argumentos para existir, e cada um dos lados se apresenta como guardiões da democracia contra as remetidas autoritárias do adversário. O que gerou essa atmosfera belicosa, e acabou por sequestrar toda a agenda nacional. Tudo hoje no País parece submetido a essa lógica excludente, o famoso "nós contra eles", anunciado pelo petista Lula da Silva e adotado por igual vigor pelos grupeiros de extrema direita. O movimento de 1964 teve seus pecados, e também suas virtudes, que não foram poucas. Porém, os pregoeiros da democratização nesses 30 anos, praticamente destruíram o Brasil político e administrativo, gerando desmandos e a insegurança que tomou conta da Nação. O diálogo e bom senso encontram-se interditados.

Salas de aulas de escolas e universidades foram transformadas em bunkers de uma imaginária "resistência" contra o avanço dos "fascistas", que são como muitos professores e alunos que se dizem "progressistas" qualificam quem não aceita a revelação petista. Essa atmosfera se espraiou pelas salas de teatros e museus, gerando possível reação, muitas vezes violentas, dos radicais anti-petistas. Do mesmo modo, manifestações políticas nas ruas são hoje marcadas por ódio, seja por parte de quem se manifesta, seja por parte de quem se opõe. Não há proposta para construir um País melhor, que envolva todos os brasileiros. Só há o aprofundamento de uma divisão criada por quem lucra com uma ilusória "luta de classe".

O mais grave de tudo é que nenhum dos 39 partidos políticos tem compromisso com o País, mas, sim, com as próprias siglas e suas corriolas. O futuro presidente da República tem a obrigação de ser um estadista disposto a ser presidente do Brasil e dos brasileiros, sem discriminar ninguém. Se assim não for, não vejo saída para o País. O Brasil que sairá das urnas de outubro próximo dependerá deste estadista e não da sorte a que estamos dependentes e lançados.

Humberto Mendonça

Empresário