A face de Cristo

Desde o surgimento do Cristianismo, pintores e escultores procuraram retratar com detalhes a fisionomia desconhecida de Jesus Cristo. Tentaram de todas as maneiras deixar à humanidade um retrato falado de seu corpo, pois nenhuma fonte histórica até hoje tem informações sobre esse assunto. Até o famoso manto "Santo Sudário", que supõem cobriu o corpo de Jesus, tem sua autenticidade discutida. Na época de Jesus, o único meio de comunicação era a carta. Mas ela era pouco usada, pois poucas pessoas eram alfabetizadas. Segundo os historiadores da vida do Mestre, existe uma carta conservada no Vaticano, escrita pelo nobre romano chamado Públio Lêntulo, que viveu na Judeia na época de Jesus e que a enviou até o Senado Romano. Parte do conteúdo dessa carta relata o seguinte: "...Existe aqui na Judeia um homem de singular virtude conhecido por Jesus. Os judeus o reconhecem como profeta, mas seus seguidores o adoram como filho dos deuses imortais. Ele ressuscita os mortos e cura os enfermos. É de estatura elevada. Seus cabelos, em forma de anéis, caem até abaixo das orelhas, se espalhando pelos ombros. Sua fronte é larga e espaçosa e sua face se completa com uma singular regularidade do nariz e da boca. Sua barba é bipartida semelhante à forquilha e desce espessa até o peito. Seus olhos são brilhantes, claros e pequenos. Ele prega com majestade, brandura e muita eloquência. Suas palavras transmitem sapiência, moderação e modéstia a todos que o ouvem. Ninguém jamais o viu sorrir, mas muitos o viram chorar. Um homem com força de fé e divinas perfeições, que se eleva acima de todos nós". Os detalhes fisionômicos contidos nessa carta transmitem um fiel retrato de sua imagem corporal, muito semelhante ao do povo judeu do primeiro século.

Marcílio Dias de Matos
Historiador