A conscientização do meio rural

A preocupação da sociedade para uma vida mais saudável pressiona a indústria agrícola e as grandes marcas a inspecionar a fundo a origem dos alimentos que são vendidos no comércio varejista. Essa fiscalização vai além da detecção de agrotóxicos não autorizados ou acima do limite máximo permitido nos produtos, ela também identifica verduras, frutas e legumes contaminados com organismos microbiológicos, que podem provocar doenças graves se ingeridos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano, 582 milhões de pessoas são diagnosticados com alguma intoxicação alimentar, sendo 40% dos casos em crianças menores de cinco anos.

A agência diz que mais de 350 mil indivíduos morrem por ano em consequência destas ocorrências, ocasionadas por microrganismos ou substâncias químicas inseridas na comida.

Isso se deve, além de costumes alimentares indevidos, a uma série de fatores contrários às boas práticas de manejo no campo, como utilização de adubo inadequado, armazenamento incorreto da colheita, água imprópria para irrigação, aplicação irresponsável de defensivos agrícolas, entre outros problemas. Hoje, existem algumas entidades que supervisionam a procedência dos hortifrútis junto às redes de varejo alimentício, como a Análise de Resíduos em Alimentos (Para), da Anvisa, e o Rastreamento e Monitoramento de Alimentos (Rama), da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), realizado em parceria com pequenos e grandes varejistas.

Além dessas iniciativas, algumas redes contam com monitoramentos próprios, como o Walmart Brasil, por exemplo, que desenvolve desde 2014 o programa "3P", baseado nos pilares de Auditoria, Análise e Rastreabilidade.

Chamo a atenção para o tema para alertar que a tendência da busca pelo saudável vai além dos hábitos alimentares, pois a escolha por hortifrútis orgânicos ou cultivados à base de defensivos agrícolas se torna indiferente se o manejo na lavoura for inapropriado. Essa responsabilidade é exclusiva dos produtores, que devem buscar o aprendizado com profissionais capacitados, somado ao apoio investido pelo setor varejista nesta qualificação.

Entendo assim que o maior problema é a negligência na utilização indiscriminada de agrotóxicos, que faz o Brasil consumir 1/5 de toda a produção de químicos no mundo, motivado pelo imenso volume de exportação de alimentos.

A sua aplicação deve ser realizada de forma sustentável, pois são indispensáveis para atender a uma demanda de consumo que cresce exponencialmente à medida que a população mundial aumenta na mesma proporção, servindo para impulsionar a escala de produtividade ao combater de forma efetiva pragas e ervas daninhas que prejudicam o plantio.

Alexandre Esper. Vice-pres. De Compliance do Walmart