Uso de asfalto sustentável gera economia de R$ 50 mil no Pecém

Cinzas produzidas na geração de energia pelas térmicas UTE Pecém I e UTE Pecém II estão sendo utilizadas na construção da estrada que liga os empreendimentos à rodovia CE-085. Investimento é de R$ 4,1 milhões

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.rodrigues@diariodonordeste.com.br
Legenda: Via deve ser inaugurada no mês que vem e terá 95% da base composta por cinzas de carvão. Na sub-base da estrada, serão 50% de cinzas e 50% de areia natural

As cinzas de carvão mineral produzidas pelo Complexo Termoelétrico do Pecém na geração de energia elétrica ganharam um novo destino. Desde o início do segundo semestre, o subproduto das usinas UTE Pecém I (sob a gestão da EDP Brasil) e pela UTE Pecém II (administrada pela Eneva) vem sendo destinado à construção da estrada de acesso que liga a CE-085 às térmicas, proporcionando uma economia de R$ 50 mil com a substituição do asfalto convencional, segundo a EDP Brasil.

Ao todo, estão sendo investidos R$ 4,1 milhões na construção da via de acesso, aporte que ficou dividido entre a EDP Brasil e a Eneva. De acordo com o gestor executivo de operação da EDP Brasil, Cayo Moraes, as cinzas de carvão mineral vão compor 50% da sub-base da estrada, enquanto a outra metade será areia natural. Na base da pista, a proporção é de 95% de cinzas para 5% de cal hidratada.

Estão sendo utilizadas 10 mil toneladas de cinzas na substituição da matéria convencional. "Para fazer a estrada usando material convencional, teríamos que ir a uma jazida extrair o minério, então o ganho ambiental é muito importante. A economia em valores é de R$ 50 mil", explica Cayo Moraes. A via deve ser inaugurada em janeiro de 2019 e, quando pronta, terá extensão de 1,3 quilômetro e 12 metros de largura.

Pesquisa

O projeto de reutilização das cinzas na construção de uma via, pioneiro no Brasil, tem a participação de alunos e professores da Universidade Federal do Ceará (UFC). De acordo com Moraes, cerca de 30 pessoas da Academia se envolveram na pesquisa para que fosse possível colocar a ideia em prática. "Tivemos a participação de alunos da graduação, mestrado e doutorado da Engenharia Civil e de cursos que trabalham a parte ambiental", detalha o gestor executivo de operação da EDP Brasil.

O pontapé inicial para a utilização das cinzas de carvão mineral na construção da estrada de acesso foi dado em 2015, quando começaram as primeiras pesquisas. Entretanto, o subproduto já serviu de base em outros projetos de reutilização do material.

"Nós trabalhamos com outras linhas de pesquisa. As cinzas já são usadas para a fabricação de blocos de cimento, por exemplo. Deixou de ser um subproduto e vem apresentando um resultado satisfatório. Temos um prédio desenvolvido com blocos feitos desse material. Estamos sempre pensando em um destino sustentável para as cinzas".

Outros projetos

Além da fabricação de blocos de cimento - e agora a construção da estrada -, as cinzas também são destinadas a outros projetos da empresa, a exemplo do uso na agricultura.

"Nós temos algumas outras linhas para a utilização das cinzas de carvão mineral, na construção civil, e na agricultura, na parte de correção do solo. Em alguns projetos já foram iniciados os estudos em laboratório. O governo do Estado está acompanhando a execução da obra (da estrada) e esperamos que os resultados satisfatórios estimulem a aplicação em outros trechos".

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