Médicos cubanos ganharam a simpatia da população do Interior por entrega e profissionalismo

Segundo os gestores municipais, os médicos cubanos se destacam pelo atendimento diferenciado, humanizado e bem avaliado; além disso, muitos já estabeleceram vínculos familiares com pessoas da comunidade.

Escrito por Honório Barbosa , regiao@diariodonordeste.com.br
Legenda: Saída de médicos cubanos deixa prefeitos do Ceará preocupados
Foto: Foto: Honório Barbosa

A decisão do Ministério de Saúde de Cuba de cancelamento e retirada dos profissionais cubanos do Programa Mais Médicos, no Brasil, nesta quarta-feira, 14, deixou os gestores municipais preocupados no Interior do Ceará. Na maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBS) no sertão cearense, os médicos não foram trabalhar nesta sexta-feira, 16.

A medida foi uma surpresa desagradável para todos e o sentimento comum é de que haverá de imediato prejuízo para a população das localidades rurais e moradores de bairros periféricos, que são atendidos em UBS. Os gestores destacam vínculos estabelecidos com as famílias, atendimento diferenciado, humanizado e bem avaliado pela população.

O município mais afetado no Ceará é Morada Nova, que dispõe de 21 médicos cubanos; depois, Iguatu, com 20; e Fortaleza, 17. "Além da dificuldade de reposição, pois os brasileiros não se dispõem a trabalhar em áreas isoladas, na zona rural, há o problema financeiro. O Ministério da Saúde repassa cerca de R$ 12 mil direto para a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) por médico e, se houver cancelamento, os municípios não têm recursos para arcar com essa verba", diz o secretário de Saúde de Iguatu, Marcelo Sobreira.

No próximo dia 26, 10 profissionais já deixam o município do Centro-Sul cearense e os demais em meados de dezembro vindouro. "Iguatu tem 31 equipes do PSF e vamos perder 19 profissionais, um número elevado. Vai ficar uma lacuna enorme", observou a coordenadora de Atenção Básica, Edjalma Araújo.

O vice-presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Nilson Diniz, médico e prefeito de Cedro, na região Centro-Sul, mostrou-se preocupado. "Fiquei atordoado com a informação. A decisão está tomada e a população com certeza vai ficar desassistida".

O prefeito de Cedro disse que aguarda um pronunciamento oficial da Aprece e frisou que outras entidades como a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) já emitiram notas sobre a saída dos profissionais cubanos do Programa demonstrando que o trabalho tem ampla aceitação da população, houve melhoria da assistência básica e que é necessário preencher a lacuna.

O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems) manifestou, em nota, profunda preocupação com a saída dos profissionais cubanos e observou que não há, no momento, condições técnicas e operacionais de reposição imediata das vagas.

Interior

Diniz frisou que o Conselho Federal de Medicina diz que há números suficientes de médicos brasileiros. "Precisamos saber se eles querem vir para Cedro, para Quixelô, para o interior do Amazonas".

Em Cedro, seis médicos atendem na sede e zona rural. "O prejuízo é grande, não sabemos como repor essas vagas", disse o secretário de Saúde do Município, Russel Sirius. Em Orós só havia um médico cubano, que já retornou. "A vaga está aberta e não sabemos como preencher", disse a secretária Zuila Peixoto. "Ficamos preocupados pelos outros municípios como Icó que conta com oito".

Em Várzea Alegre há três médicos cubanos. O secretário de Saúde, Ivo Leal, disse que dois atendem na zona rural e foram criados vínculos com as famílias. "Um já casou com uma moradora e outro tem um filho aqui no Município e ainda não sei qual vai ser a decisão deles".

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