Técnica de pré-moldados deve ser tendência no CE

Opções rápidas e de fabricação ágil, os componentes pré-moldados deverão ser a grande nova tendência da indústria da construção civil no mercado cearense. A perspectiva foi defendida por André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), durante o primeiro dos dois dias do Inovaconstruir 2018, evento dedicado a discutir os potenciais de desenvolvimento do setor por meio da inovação. Durante os painéis, que acontecem no Teatro do shopping RioMar Fortaleza, Montenegro comentou que um modelo de construção aplicando pré-moldados poderia reduzir os custos da obra entre 15% a 20% e acelerar o processo em até 50%.

Segundo o presidente do Sinduscon, ainda pode haver um ganho de produtividade de mão-de-obra, considerando que o processo de construção com pré-moldados é mais industrializado do que o modelo convencional. Além disso, os ganhos em agilidade ao se reduzir o tempo de construção fazem com que as empresas despendam menos com gastos administrativos indiretos, como vigilantes.

Nessa perspectiva, o modelo de pré-moldados poderia elevar o nível de competitividade das empresas cearenses, reduzindo custos para as construtoras e possibilitando a entrada de produtos mais baratos para o consumidor final. "Inovar é fazer mais com menos e essa crise econômica fez com que as empresas revissem conceitos. Nós já temos, no Ceará, a tecnologia para construir usando pré-moldados, e esse conceito deverá revolucionar o mercado local em um futuro próximo. Veja bem, um prédio de três andares, por exemplo, que a gente constrói em um ano poderia ser erguido em 6 meses", explicou Montenegro.

Além da redução do tempo, a utilização de pré-moldados pode gerar um barateamento de custos entre 15% e 20% no valor da obra e, pelo caráter industrializado, diminuir os impactos ambientais. "Esse modelo pode reduzir os custos fixos da obra de 15% a 20%, além de termos uma obra muito mais limpa e enxuta em relação aos materiais. Todo o processo pode ser muito mais sustentável porque gera menos entulho e lixo", ponderou André Montenegro.

Adaptação

De acordo com Mauricio Bianchi, diretor de construção da Cidade Matarazzo e um dos palestrantes do Inovaconstruir 2018, os ganhos podem ir além para determinado tipos de edificação. Galpões industriais, por exemplo, que levariam um ano para serem construídos, poderiam ser erguidos em apenas um mês, usando pré-moldados.

No entanto, Bianchi alerta que alguns detalhes do modelo econômico brasileiro precisariam ser adaptados para dar sustentabilidade a um modelo potencialmente mais rápido e industrializado. Segundo ele, os modelos de financiamento a longo prazo precisariam ser mudados para que as empresas pudessem adaptar o modelo de negócios para entrega dos imóveis.

"Os juros no Brasil são muito altos, e o pré-moldado entrega imóveis muito rapidamente, e no modelo que temos hoje, com as pessoas pagando em um ou dois anos, não dá tempo para receber esse dinheiro. Então o País precisa entender que existe uma carência interna muito grande de dinheiro subsidiado", explicou Bianchi.

Além disso, o caráter industrial desse tipo de obra, segundo o diretor de construção, demandaria uma redução tributária para importação dos equipamentos necessários, para que o Brasil pudesse se equiparar a mercados estrangeiros mais avançados tecnologicamente.

"O pré-fabricado tem o hábito de fazer com que a gente não tenha desperdício, o que dificuldade a gente perder o prazo. Mas o Brasil não tem equipamentos ainda e esse modelo demanda muitos equipamentos, então precisamos baixar os impostos para que a indústria possa trazer mais máquinas", completou.

Mais informações:

Inovaconstruir 2018
Data: 4 e 5 de outubro
Local: Teatro do RioMar Fortaleza
Horário: 8h30 às 17h30