Supermercados apostam em inovação para crescer no Ceará

Redes locais empreendem nova onda de instalação de lojas tanto na Capital quanto no Interior. Modelos adotados variam, alguns dispondo de mais espaço e serviços e outros compactos e próximos do cliente

Escrito por Camila Marcelo , camila.marcelo@diariodonordeste.com.br
Legenda: Inovação é uma das diretrizes do setor supermercadista local e nacional para atrair clientes

O setor de supermercados do Ceará tem apostado em novos formatos de lojas, tecnologia e no fortalecimento das redes de compras para competir com empreendimentos maiores. Um dos resultados dessas estratégias é a retomada dos investimentos em expansão e abertura de novas unidades. Neste ano, o consumidor cearense tem testemunhado um 'boom' de lançamentos de supermercados.

Desde janeiro, já foram abertas 12 unidades e outras 8 estão previstas até o fim do ano, segundo a Associação Cearense de Supermercados (Acesu). O crescimento deve se manter em 2019, com a expectativa de inauguração de mais 40 novas lojas, o que representa mais da metade da quantidade inaugurada ao longo dos últimos 20 anos, quando foram abertas 60 lojas, segundo informou o vice-presidente da Acesu, Nidovando Pinheiro.

Menos espaço, mais lojas

Ao primeiro sinal de estabilidade econômica, o segmento decidiu reativar planos de investimento. Os Mercadinhos São Luiz, por exemplo, abriram, em agosto, uma loja no Shopping Del Paseo. Com área de 727 metros quadrados, a unidade segue a tendência nacional de enxugar o espaço físico e ultrapassar o estilo "de vizinhança", atendendo um público fora da própria região. Neste ano, a rede também abriu uma unidade no bairro Água Fria e confirma uma nova loja na Avenida Edilson Brasil Soares até o fim de 2018, com possibilidade de mais uma na Aldeota, na esquina das avenidas Rui Barbosa e Santos Dumont. Para o próximo ano, mais quatro estão nos planos.

Quem também decidiu diminuir o espaço foi o Pinheiro Supermercado. "Há uma tendência das redes que trabalham com a vizinhança em acomodar um pouco mais o tamanho. Trazendo de uma grande de 1.800 a 2.000 m² de área de venda para 1.500 e 1.400 m². Isso é para oportunizar um equilíbrio nos custos", explica o diretor-presidente da rede, Honório Pinheiro.

Mais serviços

Mas, em contrapartida, compensam com outros serviços. As suas lojas do Interior, por exemplo, mantêm um padrão de 1.500 m², combinando cinema, parque infantil e praça de gastronomia. Além de Quixadá, Limoeiro do Norte, Aracati e Sobral, a rede irá expandir para outros dois municípios, tendo confirmado Acaraú este ano. Para a Capital, estão programados outros dois lançamentos, nas avenidas Rogaciano Leite e na Monsenhor Tabosa. "Os empreendedores têm que aproveitar esse momento de estabilidade para investir, evidentemente apostando e acreditando em 2019 e 2020".

Quem recentemente investiu na combinação de serviços em um mesmo empreendimento foi o Centerbox. A nova filial na Washington Soares terá uma estrutura grande com 1.400 m², com 12 caixas.

Perfis

Inclusive, o que classifica um supermercado em grande ou pequeno, mais do que o seu tamanho, é a quantidade de caixas disponíveis, conforme explica o consultor de varejo, Antônio Carlos Ascar. Um modelo tradicional conta com 6 a 16 pontos de check-out e tem de 800 a 2.500 m², por exemplo. No estilo gourmet, tem de cinco a 12 caixas e o tamanho é de 1.000 a 1.900 m². Para esse padrão até 2 mil m², o investimento não é pequeno. Segundo Honório, fica na casa dos R$ 10 milhões a R$ 15 milhões.

Precaução

Para manter a competitividade dos empreendimentos, as redes de supermercados têm investido em tecnologia. Um exemplo são os aplicativos para compra online, câmaras com reconhecimento facial e caixas de autoatendimento, por exemplo. "O varejo na década de 1990 era considerado o 'santuário do atraso' da economia. Desde lá, passou por grandes transformações e hoje é um dos segmentos mais competitivos da nossa economia. No Estado, essa inovação se acentua ainda mais. Portanto, os empresários do setor têm investido fortemente em tecnologia para proporcionar experiências de compra agradáveis aos seus clientes", reforça Eduardo Gomes de Matos, chairman da Gomes de Matos Consultores Associados, especializada no setor supermercadista.

Ele acrescenta que, nesta quinta-feira (25), a empresa realiza um fórum de debates e tendências cujo tema é "Varejo: nós amamos supermercados", tendo em vista a relevância do setor no Estado.

E-commerce

Os supermercados cearenses também têm investido na modalidade de compras online. O Pinheiro, por exemplo, apostou no e-commerce, disponibilizando mais de 4 mil itens das prateleiras para compra por aplicativo ou loja online, no site. E o São Luiz também conta com essa mesma facilidade por meio da plataforma Rappi, para fazer compra e receber em casa e, no dia 31 de outubro, também lançará aplicativo próprio com ofertas personalizadas para cada consumidor cadastrado.

"Os supermercadistas precisam ficar atentos com o que está acontecendo no mundo tecnológico e com o que os clientes estão buscando para se adaptar a tempo", orienta o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), João Sanzovo Neto.

Redes supermercadistas

Estruturadas com base na cooperação, as redes de supermercados são uma opção para conferir robustez e competitividade aos pequenos e médios. Isso não impede, entretanto, que empreendimentos de grande porte sejam atraídos por esses sistemas de organização em busca de maior poder de negociação e compartilhamento de experiências.

Exemplo disso, o Mercadinhos São Luiz é integrado à Rede Brasil, que conta com apenas um estabelecimento parceiro em cada Estado no qual atua. De acordo com o gerente de compras do São Luiz, Laércio Silva, a facilidade para negociar produtos exclusivos como vinhos, queijos e azeites - produtos de destaque nas prateleiras e gôndolas do supermercado cearense - é um dos principais atrativos.

"A maior vantagem é exatamente a possibilidade de negociar um produto exclusivo, já que somos o único da Rede Brasil no Estado. Além disso, a gente consegue o compartilhamento de experiências e cases de sucesso nos outros estados", detalha Silva.

Além da negociação facilitada para trazer os produtos, que muitas vezes vem de países como Espanha e Portugal, Silva reforça que a rede conta com produtos de fabricação própria. "Eles produzem a marca exclusiva e só quem vende é quem faz parte da rede. É um diferencial para o cliente", detalha, acrescentando ainda que o supermercado parceiro tem liberdade dentro da rede. "A gente pode recusar algum produto se ele não condiz com o nosso público-alvo", ressalta.

No Ceará existem 30 associações em atividade. Uma delas é a Uniforça, que reune pequenos e médios para fazerem frente ao potencial dos atacarejos e grandes supermercados. De acordo com o presidente da associação e vice-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), a rede é a maior em faturamento no Estado e segunda maior no País. É composta por 56 lojas de 30 marcas diferentes e o faturamento chega a R$ 1,55 bilhão.

"Compramos a maioria dos nossos itens em conjunto, como frutas, legumes, frios, embutidos, parte de produtos da cesta básica. A compra é feita com um único CNPJ, com isso temos um ganho significativo de preço e isso é repassado ao consumidor", arremata Nidovando Pinheiro.

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