Setor de sorvetes fortalece parcerias para contornar a crise

Representantes realizam, hoje, uma feira na Fiec com o objetivo de fazer novos contatos e parcerias com o pessoal que fornece insumos aos fabricantes

Escrito por Camila Marcelo , camila.marcelo@diariodonordeste.com.br

A indústria cearense de sorvetes trabalha para manter a competitividade e driblar de vez a crise que derreteu um pouco o faturamento do setor nos últimos anos, mas não reduziu a relevância econômica da atividade. Hoje, o Ceará conta com cerca de 150 representantes, que fabricam e vendem o próprio produto, com sede principalmente em Fortaleza e Região Metropolitana. Eles são responsáveis pela geração de 1.500 a 2.000 empregos formais diretos. Quando considerados os empregos indiretos, desde o vendedor na praia aos funcionários da sorveteria de bairro, esse número ultrapassa os 10 mil.

Apesar dos desafios, a indústria cearense está pulsante com sabores e tendências inusitadas, lançando produtos que misturam ao sorvete guloseimas como algodão-doce e pipoca, que têm a adição de probióticos ou vitaminas, opções sem lactose e de linhas voltadas ao pet.

Além disso, nos últimos quatro anos, os cearenses presenciaram a abertura de novas sorveterias de redes locais e também a chegada de filiais de empresas internacionais renomadas no setor.

No entanto, a realidade ainda não está tão doce como aparenta aos olhos do consumidor. "O setor vem se segurando, se preparando para quando tiver a retomada de crescimento. Mas, a questão econômica do País afetou muito", destaca o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Sorvetes do Estado do Ceará (Sindsorvetes), Flávio Oliveira.

Por isso, para alavancar os negócios e futuros investimentos no setor, a primeira edição da Exposorvetes Ceará é mais que bem-vinda na cidade. O evento ocorre hoje (31) e amanhã (1º), das 9h às 20h, na sede da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

Promovido pelo Sindsorvetes, em parceria com o Sebrae Ceará e Sistema Fiec, o objetivo é permitir contatos e novas parcerias de empresários com profissionais da área de ingredientes, saborizantes e embalagens. A programação conta ainda com palestra sobre gestão e dicas quanto à multiplicação de clientes, orientações de como empreender e boas práticas de fabricação, entre outras temáticas.

"Estamos precisando de negócios, fazer com que o mercado se desenvolva e tenha outras oportunidades. A gente está vendo que há uma necessidade das pessoas conhecerem o que tem de legal lá fora. Nós temos inúmeros fornecedores aqui, mas também temos muitos fora do Estado", ressalta a diretora financeira do Sindsorvetes, Kerley Torres.

Mercado

Mesmo com novas atividades movimentando o consumo de sorvetes, esse segmento ainda não representa a parte rica da família de alimentos, que responde por algo em torno de R$ 1,9 bilhão do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, sendo o 4º maior dentre os setores industriais do Estado.

"Infelizmente, ainda somos considerados supérfluos dentro da nossa sociedade, e isso barra um pouco o nosso crescimento na verdade", pontua Flávio. Por isso, quando o orçamento aperta, segundo ele, o primeiro item cortado na lista de compras geralmente é o sorvete, por ser visto como sobremesa, algo descartável. Fora isso, os gastos não pararam de crescer nesse tempo de crise. "Nos últimos dois anos sentimos uma estagnação de faturamento, até um decréscimo na lucratividade, por conta do aumento de algumas despesas, a energia contribui muito para isso. Aumentaram também os nossos impostos nos últimos anos e tem aumento no custo da mão de obra anualmente", acrescenta. Já o cenário de crescimento visto pelos consumidores é o que Flávio vê como "empreendedorismo de oportunidade".

"Como tem muita gente desempregada, as pessoas estão apostando em alguma coisa. Isso é bom. Mas, ao mesmo tempo é preocupante o quanto essas pessoas estão preparadas e também oferecendo produtos bons", completa.

A dica para ingressar e manter-se no mercado, conforme ele, é preparar-se tecnicamente, procurar um nicho e apostar em alguma inovação para investir. O custo inicial é alto e constante, só de maquinário e infraestrutura é R$ 150 a 200 mil para uma empresa de pequeno porte. O trabalho também é intenso, mas, para ele, a margem de lucro é relativamente boa, e o retorno é rápido, de 1,5 a 2 anos, então ainda compensa, sim, pegar uma fatia desse setor.

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