Saldo de empregos para pessoas com mais de 50 anos fica negativo

Especialista do Dieese aponta que a melhora ante 2017 é reflexo, principalmente, da baixa base de comparação. Isso porque desde 2013 o nível de emprego só vem piorando

Escrito por Redação ,

Após registrar a perda de 4.784 empregos, de janeiro a agosto de 2017, o grupo de trabalhadores com mais de 50 anos no Ceará apresentou um saldo negativo de 4.180 postos de trabalho em igual período deste ano, o que representou uma queda de 12,6% no número de vagas perdidas. Apesar dessa melhora, a faixa etária de 50 a 64 anos foi a que registrou o maior saldo negativo neste ano, com a perda de 3.365 postos de trabalho. O número, porém, é 17% menor do que o do ano passado, quando essa faixa teve 4.484 vagas perdidas. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Já o grupo de pessoas acima de 65 anos registrou perda de 815 vagas em 2018, 16% a mais do que em igual período de 2017, sendo a última faixa etária que apresentou piora no saldo de vagas, ante o ano passado. Segundo Gisele Studart, diretora da Studart RH, em muitos casos, pessoas mais velhas acabam sendo preteridas na seleção de emprego por preconceito, ficando mais difícil para elas se recolocarem no mercado.

"Pessoas acima de 50 anos acabam tendo uma dificuldade grande para se realocar. Muitas vezes o empregador prefere contratar uma pessoa mais jovem por acreditar que as de mais idade terão mais dificuldade para aprender uma nova função. Mas não é isso o que ocorre", diz.

Ambiente econômico

Sobre a queda menor na geração de vagas formais para esses trabalhadores mais velhos neste ano, Gisele Studart acredita que o resultado pode ter sido influenciado pela melhora na economia. "Talvez seja por uma melhora na economia, mas acredito que os empresários, cada vez mais, estão se sensibilizando para essa questão", ela diz.

Já para Reginaldo Aguiar, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a melhora em relação a 2017 é reflexo, sobretudo, da baixa base de comparação, uma vez que desde 2013 o nível de emprego vem piorando. "Nós estamos com a economia num patamar muito baixo, praticamente no limite de baixa, e, com isso, a informalidade aumentou muito", ele diz.

Além disso, Reginaldo Aguiar destaca que a taxa de desemprego entre os mais jovens é muito maior do que em outras faixas etárias, o que aumenta a oferta de mão de obra entre os mais novos.

Brasil

Assim como vem ocorrendo no Ceará, apesar da redução de vagas para pessoas acima de 50 anos neste ano, o ritmo do fechamento de postos de trabalho no Brasil para essa faixa é menor do que o observado no ano passado.

No primeiro semestre, houve redução de 16,2 mil postos para a faixa de 40 a 49 anos, de 122,1 mil vagas para pessoas de 50 a 64 anos e de 29,6 mil para pessoas acima de 64 anos. No ano passado, o fechamento de postos de trabalho com carteira assinada para essas três faixas foi de 266,4 mil em todo o País.

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