Prometem ´CSP será a mais competitiva do setor no mundo´

Escrito por Redação ,
Assim, foi apresentada a usina, ontem, durante a cerimônia que marcou o início das obras de construção

A depender dos investidores, que estão entre os maiores players mundiais da siderurgia e mineração, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) será a melhor e mais competitiva planta do mundo no setor. Foi assim que a usina foi apresentada ontem, durante a cerimônia que marcou o início das obras de construção do empreendimento, com a cravação das primeiras das 35 mil estacas que darão suporte às suas instalações, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).


Atualmente, a siderúrgica em implantação no Complexo Industrial e Portuário do Pecém já conta com 60% de sua terraplanagem prontos e possui em seu site 10.315 estacas, que chegaram pelo Porto do Pecém em três carregamentos Foto: Alex Costa

"A Posco concentrará esforços para a construção da melhor usina siderúrgica do mundo", garantiu o vice-presidente sênior executivo da empresa, Inhwan Chang, durante seu pronunciamento na cerimônia. A Posco, sul coreana que é uma das sócias da CSP, juntamente com a brasileira Vale e a também sul-coreana Dongkuk, é a maior siderúrgica em seu país e uma das principais do mundo. Ela, através de seu braço Posco Engineering & Construction, está sendo responsável pela construção da CSP.

Modelo

O posicionamento do empresário sul-coreano é reforçado pelos outros sócios do empreendimento. O diretor de siderurgia da Vale, Aristides Corbellini, reforçou que a planta que está sendo construída no Ceará é um modelo da usina que a Posco possui na Coreia. "Está sendo reproduzido aqui o que tem de mais moderno no mundo. Lá, já é a melhor usina do mundo", destacou.

"Não tenho a menor dúvida, esta vai ser a mais competitiva do mundo", asseverou o diretor-presidente da CSP, Marcos Chiorboli. De acordo com ele, essa competitividade se justifica pela capacidade que a planta terá de poder vender para o mundo inteiro e gerar lucros para os seus acionistas.

"Ser competitivo é você ter custo baixo o suficiente para, independente das condições de mercado, você fazer lucro. E aqui vamos conseguir isso".

Diferenças com a CSA

O governador Cid Gomes aproveitou a oportunidade para reforçar diferenças entre a CSP e a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), inaugurada no Rio de Janeiro há dois anos, com parceria da Vale e o grupo alemão ThissenKupp, e apontada, na época, como o espelho da siderúrgica cearense. A CSA foi o centro de polêmicas por falhas que causaram poluição na região na qual é localizada e pelo prejuízo de R$ 7,9 bilhões gerado só no ano passado. "Há diferença de tecnologias entre a CSA, no Rio, e a nossa aqui. O processo de estaqueamento lá, por exemplo, foi um processo muito mais rústico, com bate-estaca, e aqui são automáticos. Tudo isso vai contribuindo pra dar qualidade".

Para Cid Gomes, a CSP vai contribuir para "mudar a história da indústria no Ceará", e afirmou que ela vai abrir espaço para a consolidação da indústria metal-mecânica no Estado e do primeiro polo siderúrgico do Norte e Nordeste.

´Língua número dois´

"Não tenho dúvida de que, em breve, a língua número dois de São Gonçalo do Amarante será o coreano", brincou, em referência aos sócios da Coreia do Sul.

Atualmente, a CSP já conta com 60% de sua terraplanagem prontos, e possui em seu site 10.315 estacas, que chegaram pelo Porto do Pecém em três carregamentos. Entre 2013 e 2014, serão realizadas as obras civis dos galpões, edificações, vias internas e instalações diversas.

Testes

A montagem e os testes dos equipamentos serão feitos em 2014 e 2015 e, no dia 3 de setembro de 2015, está prevista a chamada conclusão substancial da usina siderúrgica. A conclusão final, contudo, está marcada para o dia 3 de março de 2016.

"A produção inicia, de fato, em setembro de 2015. Aí você tem uma fase de ajustes de equipamentos, você não trabalha ainda a capacidade plena. Esse marco de 2016 é quando ela vai atingir a capacidade plena de produção", esclarece o diretor-presidente da CSP.

PPP vai tratar de efluentes da usina

A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) formará uma Parceria Público-Privada (PPP) para tratar dos efluentes industriais provenientes da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A informação foi adiantada ontem pelo governador Cid Gomes, durante cerimônia de início das obras da usina. Segundo o governador, a companhia está finalizando o edital para a parceria, e em breve deverá publicá-lo no Diário Oficial do Estado (DOE). Cid não deu mais detalhes sobre este processo, só informando que a PPP cuidará do tratamento do esgoto da siderúrgica e o seu destino final.

Cid Gomes informou que já foram feitas, na área da siderúrgica no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), as obras de drenagem, que são parte do compromisso do Estado para a implantação do empreendimento. Em relação ao fornecimento de água para a usina, ele esclareceu que já existe para o local uma oferta de 1,5 mil litros por segundo a partir do açude existente em Caucaia. "Com o Eixão das Águas, vamos colocar aqui mais 3,5 mil litros por segundo, ou seja, vamos triplicar", informou, garantindo que a obra que levará esta vazão, com águas que vêm do açude Castanhão ao Cipp, estará concluída em setembro próximo.

Já em relação às obras da 2ª fase de ampliação do Porto do Pecém, que também estão entre os compromissos do Estado para a siderúrgica, o governador afirmou que o cronograma "está compatível". As obras já contam com licitação concluída, mas, para terem início, esperam ainda a licença ambiental a ser expedida pelo IBAMA. "Estamos aguardando só licença do IBAMA, que não deverá ter algum problema, salvo o problema agora que é uma greve dos servidores. Tão logo extinta, creio que em 15 dias teremos essa licença", afirmou. Segundo o diretor de Implantação e Expansão da Cearáportos, Hernani Júnior, o IBAMA já deu previsão de que liberação até início de agosto. (SS)

2ª fase pode ser antecipada, diz Cid

Programada para ser construída em duas fases, a Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP) pretende definir quando iniciará a nova etapa da usina, em que duplicará sua produção, somente em 2016. Contudo, o governador Cid Gomes afirmou ontem, em tom otimista, que acredita que os investidores irão antecipar este cronograma.

"A Dongkuk quer produzir pra ela mesma. Ela é uma das maiores laminadoras na Coreia, então ela quer produzir placa para o consumo dela, e a Posco já tem tradição de siderurgia e certamente tem mercado. Eu acho que tudo isso vai contribuir pra uma coisa: eles vão muito brevemente procurar antecipar a sua segunda etapa. Estou dizendo sem ouvir deles", afirmou Cid, em coletiva à imprensa, após ver a cravação das duas primeiras estacas no site da usina.

A CSP produzirá, na primeira fase, três milhões de toneladas de placas de aço anuais. Esta produção já se encontra 100% vendida entre os próprios acionistas, por contratos de 15 anos: a Dongkuk ficará com 1,6 milhão de toneladas, a Posco com 800 mil e a Vale com 600 mil. A segunda fase ampliará a produção para seis milhões de toneladas de placas.

Decisão

De acordo com o diretor-presidente da CSP, Marcos Chiorboli, ainda não está definido quando parte a segunda etapa da usina, mas ela existe no acordo de acionista. "Há uma cláusula que reza que, quando ela, a planta, tiver atingido a sua capacidade nominal de produção, três milhões de toneladas, os acionistas vão se reunir e vão tomar a decisão. Portanto, esta decisão se dará só em 2016, só quando a primeira fase estiver estabilizada", explica o executivo.

Segundo ele, quando chegar esta data, os acionistas deverão analisar a conjuntura mundial para decidir se iniciarão, ou não, a nova fase. "Existe uma série de questões que, com um volume de investimentos desse tipo, é necessário analisar".

Primeira indústria a ser localizada dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, a CSP terá sua produção sempre voltada essencialmente para a exportação, por isso deve haver uma análise do mercado mundial para se pensar em dobrar a produção de aço.

Hoje, 20% do que será produzido poderão ser comercializado no Brasil, mas, segundo Cid Gomes, o projeto em tramitação no Congresso que altera a legislação das ZPEs deverá abrir novas oportunidades para a CSP no mercado brasileiro.

O projeto prevê elevar de 20% para 40% o percentual que pode ficar no mercado interno. Para o governador, é a expectativa de ter uma fatia maior no mercado brasileiro, que é um dos mais atraentes do mundo hoje, que pode antecipar os planos dos investidores para a segunda fase da siderúrgica. (SS)

Produção

100 por cento da produção da CSP, na primeira fase, já estão vendidos entre os próprios acionistas. Anualmente, serão três milhões de placas de aço

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