Projeto quer resgatar cidadania com sustentabilidade ambiental

O Floresta Móbile alia reutilização de materiais, inspiração na estética orgânica da natureza e inclusão social

Formação profissional e investimentos em desenvolvimento sustentável, por meio de ações diretas em comunidades de baixa renda. Esta é a filosofia do projeto ´Um Olhar Italiano sobre o Ceará´. Inserido nele está o Floresta Móbile que, por meio da articulação entre a cultura brasileira do Norte e Nordeste, particularmente do Ceará e Maranhão, e a cultura empreendedora italiana, visa construir um projeto econômico onde as duas populações saiam ganhando. De um lado está um novo conceito de design nascido no Brasil. De outro, a experiência e a capilaridade da distribuição de móveis e objetos de decoração italianas.

No Ceará, o desenvolvimento do projeto está previsto para os municípios de Guaramiranga, Tejuçuoca e Região do Cariri. O lançamento, em Fortaleza, será dia 15 de agosto próximo, no Hotel Gran Marquise by Sol Meliá.

A proposta do Floresta Móbile é produzir objetos de decoração e mobiliário de valor agregado, inspirados na estética orgânica da própria natureza, a partir de resíduos florestais, sobras e reaproveitamento de madeira e derivados, além de fibras, sobras de tecidos, papéis artesanais e outros materiais renováveis, segundo um conceito de design fundamentado em aspectos da cultura local e nas formas da natureza.

O projeto atua no que seu autor, o fotógrafo e cientista social Robson Oliveira, considera o aspecto primordial para a implantação de uma nova realidade social: utilização intensiva de mão-de-obra não extremamente qualificada; uso de baixa tecnologia na aplicação artesanal; e de matérias-primas e conhecimentos locais. Tal estratégia visa principalmente promover empregos e fortalecer as culturas regionais.

Robson, que é coordenador no País do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentado (Eubra), explica que o projeto está diretamente ligado a ações de reflorestamento nas áreas próximas, com espécies ornamentais e frutíferas nativas, para a garantia do reabastecimento de matéria-prima e também para a subsistência das famílias.

O Floresta Móbile partiu de parceria entre o Eubra; pequenos artesãos; pequenos empresários; o Centro de Design Social; a Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado do Maranhão; o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e empresas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) italianas - estas últimas responsáveis por agregar a experiência italiana na distribuição de móveis e objetos de decoração.

Com a pretensão de integrar e capacitar produtores artesanais do campo e da cidade em torno de um projeto comercial cooperativo, prevê a formação de técnicos, arquitetos, designers e multiplicadores.

A finalidade é ampliar as ações desenvolvidas e formar agentes aptos a promover e comercializar os produtos, tanto ´on line´ quanto de forma tradicional, junto a distribuidores no Brasil e fabricantes e distribuidores italianos.

Pretende-se, ainda, transformar o selo Floresta Móbile em modelo de certificação que ateste a origem do produto e do projeto como sendo ambientalmente responsável.

Maristela Crispim
Repórter

Mais informações:
Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentado (Eubra)
Fonefax:(85) 3242.5441
Homepage: www.eubra.org

MARANHÃO
Contrastes expostos

Na perspectiva de ressaltar problemas e apontar soluções, considerando a realidade do Nordeste, sobretudo dos municípios mais carentes do Maranhão, foi concebido não apenas o Floresta Móbile, mas a exposição Contrastes do Maranhão.

Com mais de 20 anos de experiência em fotografia documental, Robson Oliveira já desenvolveu trabalhos e pesquisas relacionados a populações de baixa renda gravemente afetadas pelo processo de exclusão social em países de diferentes continentes: Europa, África e Américas.

A exposição Contrastes do Maranhão, iniciada em Imperatriz, naquele Estado, segue para a capital, São Luís, e depois para as cidades de Fortaleza e de São Paulo; indo, por fim, para a Universidade de Nápoles, na Itália.

Eubra

O Eubra nasceu de um encontro de Organizações Não-Governamentais (ONGs) européias e brasileiras, durante o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2005. No ano seguinte se constituiu formalmente.

O Conselho tem escritórios nas cidades de Fortaleza e São Paulo e possui bases e parcerias em cinco países europeus, contando com representantes nas cidades de Padova, Milão e Nápoles, na Itália.

Atua juntos a parceiros empresariais, governamentais e institucionais, em projetos turísticos, de energias renováveis, desenvolvimento agrícola, e inclusão tecnológica voltada ao trabalho. Entre os dirigentes e colaboradores, há advogados especializados em direito italiano e brasileiro, crime organizado e direito do consumidor, além de arquitetos, sociólogos, turismólogos, agronônomos e jornalistas.