Projeto Nova Atlântida no Ceará está na mira do Coaf

Escrito por Redação ,
Megaprojeto espanhol está sendo investigado por movimentações financeiras supostamente incompatíveis

O maior projeto turístico do País, um empreendimento imobiliário no Ceará, orçado em US$ 15 bilhões, do grupo espanhol Nova Atlântida, está sob a mira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, por suspeita de movimentação financeira incompatível de seus sócios. O megaprojeto, localizado em Itapipoca, também enfrenta outro entrave: ainda não teve sua licença ambiental liberada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Semace) por estar localizado em reserva indígena Tremembé.

O projeto da Nova Atlântida prevê a construção de uma ´cidade turística´ na Praia da Baleia, a 200 km de Fortaleza, numa área de 3,1 mil hectares. São 13 hotéis cinco estrelas, 14 resorts, seis condomínios residenciais e três campos de golfe de tamanho oficial (18 buracos). Com quase 100 mil leitos, o complexo turístico de alto luxo destina-se a visitantes estrangeiros. A investigação do Coaf foi alvo de matérias publicadas no fim do mês passado nos jornais O Estado de Minas e Correio Brasiliense.

O relatório de inteligência do Coaf, elaborado em janeiro deste ano, aponta movimentações financeiras milionárias do presidente da Nova Atlântida, Juan Ripoll Mari, espanhol com residência no Rio de Janeiro. O documento cita também uma investigação conjunta das polícias da Suíça, França e Itália, de 1991, na qual um investigador suíço acusou Ripoll Mari pela suposta lavagem de dinheiro. O Coaf analisou, de forma preliminar, a movimentação financeira do grupo Nova Atlântida e concluiu que, aparentemente, ele não tem condições para bancar os custos do empreendimento.

Por outro lado, descobriu que os sócios da empresa — o empresário espanhol, sua mulher, Iselda Ripoll, e seu filho David Ripoll — têm movimentações bancárias atípicas.

Conforme relatório do Coaf, só numa conta em um banco nacional, Juan Ripoll Mari movimentou R$ 30 milhões em 11 meses (de novembro de 2005 a outubro de 2006). Parte do dinheiro foi enviada da Espanha. O valor contrasta com as declarações de renda do empresário. Ao trocar informações com a Receita Federal, o Coaf descobriu que o empresário declarou não ter tido rendimentos entre 2002 e 2005, apesar de possuir 26 empresas em seu nome.
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