Primeiro ano da Fraport em Fortaleza terá movimentação recorde

Número de passageiros cresce quase 14% em 2018 e quebra marco histórico do ano da Copa do Mundo. Concessionária completa hoje um ano à frente da administração do Aeroporto Internacional Pinto Martins

Escrito por Yohanna Pinheiro , yohanna.barros@diariodonordeste.com.br

O vai e vem de pessoas, bagagens e carrinhos no saguão do Aeroporto Internacional Pinto Martins e de aeronaves no pátio nunca foi tão frenético. Entre o desconforto causado pelas obras de reforma e ampliação e a operação do terminal, o primeiro ano da administração da Fraport já fica marcado pelo recorde de movimentação de passageiros - de voos domésticos e internacionais - em Fortaleza.

Apesar de os números oficiais do ano passado ainda não estarem consolidados, estudos da própria Fraport estimam encerrar 2018 com tráfego de 6,6 milhões de pessoas. Isto é quase 14% a mais que em 2017 (5,8 milhões), quebrando o recorde de 2014, ano em que a Capital recebeu jogos da Copa do Mundo e 6,3 milhões de viajantes passaram por Fortaleza. De acordo com dados da concessionária, o tráfego na Capital já deu um salto de 10,3% no acumulado de janeiro a novembro frente a igual período de 2017.

Conforme estudos de demanda da empresa alemã, a movimentação de passageiros na Capital deve chegar à casa dos 9 milhões até 2023, somando um crescimento de 36% do tráfego em cinco anos. Antes disso, a concessionária ainda estima alcançar o patamar de 8,1 milhões de pessoas em 2021 - o tráfego deve dar um salto inicial maior nos primeiros anos e, depois, crescer a um ritmo moderado de forma mais constante.

Há exatamente um ano, a Fraport assumia a dianteira da administração do Pinto Martins, então sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), com a promessa de investir mais de R$ 1 bilhão no terminal. Desde então, o aeroporto passa por uma reforma simultânea ao crescimento do tráfego de passageiros, principalmente após a instalação do hub das companhias Air France-KLM e Gol em maio.

Investimentos

A ampliação do tráfego observada no ano passado está diretamente relacionada ao aumento dos voos realizados na Capital. Fomentados pelos incentivos fiscais propostos pelo Governo do Estado no âmbito da disputa pelo hub da Latam no Nordeste, a Gol e o grupo Air France-KLM inauguraram em maio um hub na Capital, com ampliação de 35% das rotas domésticas e novos voos à Europa, que serão diários em abril deste ano.

Embora menor que o projeto inicial, a Latam reagiu e também expandiu sua presença na Capital em agosto, com o acréscimo de 28 voos domésticos e mais quatro frequências semanais aos Estados Unidos, atendendo ao mínimo requerido pela legislação estadual para usufruir da isenção fiscal. Outras novidades foram os voos para o Panamá, com a Copa Airlines, e o acréscimo de uma rota para Frankfurt (Alemanha) pela Condor.

Veja fotos históricas do Aeroporto de Fortaleza: 

(clique para ampliar as imagens)

Perspectiva de sucesso

De acordo com o pesquisador Alessandro Oliveira, do Núcleo de Economia do Transporte Aéreo do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Nectar-ITA), aeroportos privatizados têm capacidade de gerar mais demanda. "Temos um estudo sobre isso. A argumentação é que o operador privado tem mais agilidade e flexibilidade na negociação com as companhias, que também são privadas", aponta.

Segundo Oliveira, a experiência da Fraport em Fortaleza tem uma excelente perspectiva de sucesso. "Olhando para trás e sabendo dos entraves de expansão que estão sendo eliminados, abre-se um caminho para um bem-estar não só da população de Fortaleza, mas de todos que vão para a região. Geraram-se vantagens competitivas para o Aeroporto que vão ser importantes quando todo o mercado for privatizado, se vier a ser", argumenta o pesquisador.

Já Respício do Espírito Santo Júnior, professor de Transporte Aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pondera que, embora a experiência da administração privada de aeroportos tenha se mostrado melhor que a pública no País, as operadoras estão "amarradas" em um contrato que, segundo ele, é malfeito. "Até o edital não visa a melhorar o aeroporto para a sociedade, olhando para o futuro. Só terceiriza pura e simplesmente pelo maior preço possível".

Para o professor, o processo de concessão no Brasil é muito falho e ainda pode e deve ser bastante melhorado. "Eu acredito que Fortaleza e a Fraport podem e devem pensar nisso (retorno para a população). Mesmo que não seja uma exigência do contrato, a Fraport tem condições econômico financeiras e capital humano com inteligência, sabedoria e experiência para fazer uma gestão muito melhor do que aquela que ela é obrigada a fazer pelo contrato de concessão", aponta.

Obras têm 40% de execução

Após a nova concessionária tropeçar em um impasse judicial deixado pela administração anterior que poderia ter causado um prejuízo ainda maior, as obras de ampliação do aeroporto enfim tiveram início no fim de abril e já estão com cerca de 40% de execução em oito meses de trabalho, segundo a Fraport.

O percentual leva em conta também as obras no "lado ar", relativo a adaptações na pista de pouso e taxiways.

Prevista para maio do próximo ano, a conclusão da obra vai dobrar a capacidade do aeroporto, mas os passageiros já podem observar as mudanças no prédio atual, entre as quais a unificação das salas de embarque, mais guichês de check in e melhorias como Wi-Fi, iluminação, sinalização e acesso viário ao terminal. Uma delas não agradou muito os usuários - o fechamento do terraço panorâmico de observação das aeronaves. Não há previsão de criação de um novo local que tenha a mesma função.

Até 2020, serão investidos R$ 1 bilhão nas obras de ampliação, valor que contempla a contratação do consórcio Método Passarelli, a compra de equipamentos, o desenvolvimento e a gestão do projeto.

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