Preço do GNV sobe 144% em 12 anos, mas continua sendo vantajoso

Condutor, no entanto, precisa avaliar se a quilometragem percorrida por ele mensalmente compensa para fazer a conversão de combustível no veículo. Gastos de manutenção e revisão também devem ser incluídos na conta

Escrito por Camila Marcelo , camila.marcelo@diariodonordeste.com.br

O preço reduzido ante os demais combustíveis é o grande trunfo do gás natural veicular. No cálculo que envolvia preço de inspeção anual, conversão e reparos no sistema de ignição, fora o aumento de peso no carro e perda de potência e espaço no porta-malas, a economia no abastecimento superava rapidamente todos os pontos contras. Porém, a matemática atualmente não está favorável para todo tipo de condutor. De acordo com Fernando Fernandes, sócio da Econogás, a vantagem começa a partir dos 40 quilômetro (km) rodados por dia, sendo melhor acima dos 100 km diários.

Segundo ele, 2007 finalizou o tempo áureo do GNV no Estado. Em janeiro daquele ano, o preço do gás era R$ 1,39/m³ e equivalia a 52,4% do valor da gasolina. De lá para cá, o gás aumentou em 144%, enquanto a gasolina subiu 61,1%, Assim, o gás custando agora R$ 3,40/m³ corresponde a 79,6% do preço da gasolina .

A diferença reduziu, no entanto, a economia ainda existe no Ceará diante ainda da autonomia, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). Com R$ 50 de GNV, por exemplo, é possível rodar 194km, enquanto que com o mesmo valor de gasolina seria 125 km e com etanol, 108 km. Conforme a Abegás, quem roda aproximadamente 2.500 km/mês com gás deixa de gastar de R$ 353 a R$ 511, comparando com a gasolina e etanol. E ainda pode recuperar o valor do investimento da conversão num prazo de oito meses a um ano.

Em baixa na praça

Mesmo ainda havendo economia, há quem abra mão desse combustível entre os taxistas. Segundo Vicente de Paula Oliveira, presidente do Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditaxi), nos últimos dois anos a categoria viu a frota com GNV cair de 86% do total para 74%. A reclamação, fora o atual valor do combustível, é a elevação no custo pela conversão.

Em 2016, a instalação de um cilindro de terceira geração requalificado valia R$ 2.600, em média. Desde 2017, o preço subiu para R$ 3.200 e pelo mais moderno, de quinta geração, é cobrado R$ 4.800. "Esses preços subiram porque as fábricas começaram a repassar os reajustes que sofreram todo mês de janeiro. Outro ponto é que os equipamentos são importados, aqui são italianos, e sofrem com a variação do dólar e todo início de ano também tem reajuste", explica Fernando da Econogás.

Já para o preço do combustível, a justificativa está no efeito cambial. "O GNV tem parte que é importada e os preços são estabelecidos em nível mundial. Além disso, tem o próprio efeito da variação dos preços internacionais do gás natural veicular e depende da demanda do mercado", aponta o presidente da distribuidora Cegás, Hugo Figueiredo.

Segundo Vicente, muitos taxistas estão apostando em modelos mais econômicos em vez de fazer a conversão para o GNV. Porém, ainda não é o caso do motorista Rodezir Martins. "Continuo usando porque, mesmo com a pequena diferença de preço, ainda compensa, não muito, mas como eu rodo bastante, ainda uso", ressalta.

Retomada

Se por um lado a parcela de táxis com GNV diminuiu, por outro cresceu a de carros de passeio, graças à popularização do transporte por aplicativo desde 2016 . Essa nova realidade fez com que 2018 fosse de retomada para a indústria ligada ao gás natural veicular. Na verdade, no caso da distribuidora Cegás, foi ainda melhor, foi de quebra de recorde.

"Em dezembro do ano passado, foram em média 229 mil m³ por dia. Isso nunca tinha acontecido na história da Cegás, em 25 anos de concessão. Nós percebemos esse crescimento devido aos benefícios do GNV em comparação aos outros combustíveis, e tem ainda um aspecto ambiental muito importante, já que o gás emite cerca de 20% menos poluentes que o álcool e a gasolina", completa o presidente Hugo.

No caso da conversão, conforme Fernando, foram cerca de 400 por mês, 25% a mais que em 2017, mas longe do período de ouro de 800 mensais em 2007. A melhora, de acordo com ele, foi devido ao grande aumento também do valor da gasolina no último ano.

Mas 2019 não começou tão bem caindo em 50% o número de conversões comparado a 2018 O impacto foi derivado da menor diferença do preço do GNV diante da gasolina e da distância quase nula com etanol. Aliás, é possível ver, em alguns postos de Fortaleza, o preço do gás superar o do álcool. "O consumidor não é incentivado porque ele vê o preço muito próximo, mas ainda compensa ao condutor usar o GNV", destaca Antonio José, assessor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE).

Cegás deve investir R$ 25 mi este ano

Diante do seu crescimento expressivo em 2018, a Companhia Cegás pretende, neste ano, investir cerca de R$ 25 milhões para aumentar a sua rede de distribuição e a quantidade de postos em Fortaleza e principalmente no interior do Ceará. “Hoje, atendemos 14 municípios e estamos investindo forte. A nossa expectativa é aumentar em 10% a quantidade de postos. Vamos ter, pelo menos, mais seis postos distribuídos pelo Estado”, pontua o presidente da distribuidora, Hugo Figueiredo. 

A previsão é habilitar para chegar até 2020 em Sobral e três novos em Fortaleza. “Nós queremos levar mais gás natural para o interior e assim poder atender um público maior”, acrescenta.

Atualmente, entre entradas e saídas, como a desistência de um representante em Itapipoca no último mês, 60 postos abastecem veículos com GNV, sendo 45 na Capital e os outros 15 distribuídos nos demais municípios cearenses. 

Em 2018, houve a chegada de dois postos e também foram habilitados quatro novos, que devem iniciar operação neste ano, em Maracanaú, Horizonte, São Gonçalo e mais uma unidade na Capital. “Tivemos um pequeno aumento em 2018, menos do que gostaríamos devido ao próprio momento dos postos. Demora um tempo para se adequar, existe uma vistoria para garantir que ele está seguindo todas as normas de segurança para iniciar o abastecimento. Mas, acho que, neste ano, vamos estar com uma rede já apta para atender satisfatoriamente todos aqueles que têm interesse em usar o GNV”, completa o porta-voz da Cegás.

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