Pecém terá ligação com Reino Unido, Espanha e Holanda

Companhia substituiu o navio Sammax por 4 menores para atender exportadores de frutas pelo Porto do Pecém

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Navios podem carregar até 400 contêineres refrigerados, cada. Eles vão atracar nos portos de Algeciras (Espanha), Roterdã (Holanda) e Tilbury (Inglaterra)

A maior empresa de transporte marítimo de contêineres do mundo, Maersk Line, estabeleceu um serviço direto entre a APM Terminals Pecém, no Ceará, e portos chaves na Espanha, Holanda e Reino Unido. A companhia dinamarquesa substituiu o navio South American Max (Sammax), cuja rota se inicia na Argentina, por quatro menores para atender com mais flexibilidade os exportadores de frutas pelo Porto do Pecém.

O serviço, que vai suprir a demanda durante a época da colheita, começou com a chegada do primeiro navio no último sábado (11) e termina em fevereiro. De acordo com João Momesso, diretor de Trade e Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, a frequência e o espaço destinado aos produtos do porto continuam os mesmos.

"Um navio grande tem uma série de outros compromissos. Um navio pequeno que só vai no Pecém nos dá mais flexibilidade", explica Momesso.

Os quatro navios, que podem carregar até 400 contêineres refrigerados cada, vão atracar nos portos de Algeciras (Espanha), Roterdã (Holanda) e Tilbury (Inglaterra), de onde partem para atender o continente europeu e o Oriente Médio. De acordo com João Momesso, aproximadamente oito mil contêineres com frutas são transportados por ano pela Maersk Line a partir do Pecém, o equivalente a cerca de 225 mil toneladas.

Hub

Momesso aponta ainda que o Porto do Pecém tem potencial para se tornar um hub de cargas no Brasil com a ampliação do canal do Panamá, mas que isso deve ficar mais para o futuro.

"Não vemos isso em 2018, talvez nem em 2019, porque depende de uma recuperação mais consistente da economia brasileira", explica o diretor, que ainda elogia a aproximação do terminal portuário cearense com o de Roterdã, na Holanda, conhecido pela sua eficiência.

Fruticultura

"Os mercados europeus respondem por 65% das exportações de frutas vindas de Pecém, então, esse serviço personalizado possibilita uma conexão mais rápida e mais disponibilidade para os produtores, garantindo que a carga chegue fresca no consumidor final", ressalta Daniel Rose, diretor principal da APM Terminals Pecém, em boletim do relatório de comércio divulgado pela companhia dinamarquesa.

O melão continua a ser o principal produto exportado, de acordo com o diretor de Trade e Marketing da Maersk Line, mas também são incluídas frutas como manga, uva, melancia e limão-tahiti, entre outras.

"Aumentamos a frequência do serviço, mas a capacidade se mantém igual. Isso exigiu um investimento do nosso lado, mas acreditamos que os produtores estão muito melhor servidos", destaca Momesso, que não revelou o investimento realizado pela empresa.

Recuperação

De acordo com o relatório de comércio da empresa, a colheita deve ajudar a impulsionar a recuperação do Nordeste nos próximos trimestres. Na análise da companhia, a região Nordeste teve uma performance menos consistente do que o restante do País no terceiro trimestre deste ano, de forma que ainda não se recuperou economicamente da mesma forma que as regiões Sul, Sudeste e Norte.

A nível nacional, por outro lado, João Momesso aponta uma recuperação mais rápida do que o esperado, com crescimento de aproximadamente 10,2% no terceiro trimestre deste ano.

As expectativas estão em alta depois que as importações de bens manufaturados, que são principalmente bens de consumo, subiram 44% entre os meses de julho e setembro em relação a igual período de 2016 e registraram melhor performance do que todos os outros segmentos de importação.

Contribuição

O relatório aponta que fortes resultados das importações combinados com o crescimento de 6,9% nas exportações contribuíram para a melhor performance trimestral do comércio exterior brasileiro nos últimos três anos, com crescimento total de 10,2%, somando importações e exportações.

Ainda assim, a base de comparação no Brasil ainda é baixa, tendo em vista que o comércio exterior como um todo havia registrado queda de 2,3% no terceiro trimestre de 2016.

Expectativa

O documento aponta ainda que este Natal deverá ser o melhor desde o início da crise econômica, no ano de 2015. A análise é de que, pela primeira vez, os varejistas estão fazendo mais que repor as prateleiras, como aconteceu no ano passado, e estão aumentando seus estoques antes do período natalino.

"Mas temos que lembrar que isso é sazonal e que o volume total de importação e exportação para o terceiro trimestre ainda está 9% abaixo dos volumes do mesmo período em 2014, anterior à crise. Sendo assim, ainda temos um caminho a percorrer até que o comércio marítimo se recupere de verdade", pondera Antonio Dominguez, Diretor Principal da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, que cobre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

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