Participação de pessoas físicas na Bolsa cresce 9,8%

O número de investidores atingiu 619.625 no ano passado, o maior patamar da história

Escrito por Redação ,
Legenda: A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, diz que é preciso haver juros baixos por um período prolongado para que o crescimento do número de investidores na Bolsa de Valores seja sustentável

Com um crescimento de 9,8% na quantidade de investidores em 2017, a Bolsa de Valores brasileira fechou o ano com o maior número de investidores pessoa física da história (619.625 mil), superando a marca de 2010 (610.915 mil), a maior até então, quando o crescimento do número de participantes havia sido de 10,6%. Para 2018, as perspectivas apontam para mais crescimento, com mais empresas e investidores ingressando no mercado de capitais.

Entretanto, para que esse crescimento seja sustentável, a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, diz que basta apenas ter juros baixo por um período prolongado. "É preciso ter também uma percepção de uma economia menos volátil. E essa resposta ainda não está clara. A gente não tem ideia de quem vai ser o próximo presidente. Agora, eu penso que o Brasil teve um desvio de rota nos últimos anos, mas que a gente está voltando para os trilhos", diz.

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Além disso, Latif destaca o crescimento do número de participantes jovens no mercado de ações. "Os jovens têm uma visão mais liberal de economia e têm essa visão de olhar de fato outras alternativas de investimento. Acho que o caminho vai ser esse", ela diz. Em 2017, o número de investidores com até 25 anos no Brasil, cresceu 27,1%, saltando de 16.281, em dezembro de 2016, para 20.702, em dezembro de 2017. Nesse período, a participação de pessoas nessa faixa etária, passou de 2,8% para 3,3%. Ao todo, esses investidores tinham R$ 2,04 bilhões alocados em ações.

Com a maior base de clientes pessoa física do Brasil, a XP Investimentos buscará aumentar a penetração no País, diz Latif. "Obviamente que não dá para dizer qual vai ser a velocidade desse caminho, mas a tendência é de ser um crescimento firme", ela diz. "Ter um ambiente macroeconômico estável é a pedra fundamental. E para ter ambiente macroeconômico estável tem que ter ajuste fiscal. Não tem jeito. Não dá para continuar com juros de um dígito e crescimento mais duradouro se a gente não tiver ajuste fiscal. E daí o peso da eleição deste ano".

Além disso, Latif reforçou o papel do setor privado para melhoria do ambiente de negócios no País. "Ainda temos poucas empresas na Bolsa. E o setor privado vai ter que levar essas demandas adiante para melhorar o ambiente de negócios no País, para ter mais papéis, ter mais liquidez". Hoje, no Brasil, há apenas 444 empresas listadas na Bolsa. Destas, somente 110 são consideradas minimamente líquidas, com negociação média diária superior a R$ 2 milhões.

Cenário macroeconômico

Durante a palestra "Reflexões sobre o cenário econômico brasileiro e os desafios para o desenvolvimento sustentável", realizada em Fortaleza na última terça-feira (9), Latif ressaltou que, apesar das incertezas políticas de em 2018, "o ano da verdade é 2019", quando o próximo presidente terá o desafio de fazer avançar a agenda de reformas. Para 2018, ela diz que o ambiente internacional e doméstico ajudam, com uma inflação mundial abaixo de 3%, que há uma janela de oportunidades. "Estamos no início de um novo ciclo econômico mundial", disse.

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