Parceria com Roterdã pode ficar para outubro

Análise do diretor é baseada na burocracia holandesa relacionada à negociação e ao ano eleitoral brasileiro

Escrito por Samuel Quintela - Repórter ,
Legenda: De acordo com Danilo Serpa, no entanto minimizou o atraso, afirmando ser natural devido à 'complexidade do negócio' entre os portos
Foto: Foto: JOSÉ LEOMAR

A expectativa do governador Camilo Santana de assinar a parceria entre os portos de Roterdã e Pecém ainda no mês de julho deste ano não deverá se concretizar. Por questões políticas e trâmites burocráticos, a previsão é de que o acordo econômico seja fechado apenas em outubro. A perspectiva foi atualizada pelo presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Danilo Serpa, durante o evento de lançamento das operações da Algar Telecom, no hotel Gran Marquise, na manhã dessa quarta-feira (4).

A análise se baseia na estruturação de uma comissão de negócios em Roterdã, após as eleições locais, e o calendário político brasileiro, que ainda prevê, em 2018, um recesso para a Assembleia Legislativa de Fortaleza e as eleições de 2018. De acordo com Serpa, com esses pequenos contratempos, a assinatura da parceria entre Roterdã e Pecém deverá ficar apenas para o mês de outubro.

"O governador (Camilo) quer que assinemos a parceria em julho, mas o Porto de Roterdã é 70% da prefeitura de Roterdã e 30% do governo nacional dos Países Baixos, e lá também tem a burocracia e um rito que é normal, mas, em março, teve eleição lá. Eles ainda estão fechando as comissões, então houve esse atraso, e quando eles voltarem, a nossa Assembleia vai entrar em recesso e depois temos o período eleitoral, por isso que eu acho que vai ficar para outubro", explicou Danilo Serpa. "Mas não é atraso, é apenas a questão da complexidade do negócio, que envolve uma empresa local e uma de fora", completou.

Obras

Apesar do atraso nas questões relacionadas à parceria, o presidente do Cipp garantiu que as obras que estão sendo realizadas no Pecém continuam com a mesma previsão de conclusão, considerando a segunda ponte de tráfego de cargas e acesso ao terminal, e a estrutura do berço nove, juntamente com o pátio.

"A segunda ponte continua com as obras em andamento e deve ser finalizada em novembro. Hoje ela está com a Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra). Enquanto isso, berço nove foi retomado também, principalmente a área de pátio, que nós precisamos para colocar contêineres, e deve ele ser concluído até fevereiro ou março do próximo ano", afirmou Serpa.

Taxas

Questionado sobre uma possível estratégia a ser adotada pelo Porto do Pecém de reduzir o valor cobrado em algumas taxas, como a de exportação, buscando ganhar mais competitividade no mercado, Danilo Serpa negou que isso deva acontecer.

De acordo com o presidente do Cipp, o Pecém já tem vantagens consideráveis para atrair negócios frente às propostas ofertadas por outros complexos, como o Porto de Santos. O diretor ainda ressaltou a importância das novas rotas, como o trajeto para a Ásia, passando pelo canal do Panamá, para a atração de empresas das região Norte e Nordeste, aumento o nível de cargas escoadas pelo Pecém.

"Com relação a Santos, a linha da Ásia vem para atender o mercado do Norte e Nordeste, principalmente de cabotagem. Os navios trazem cargas para o Pecém para que seja levado para a Ásia e vice-versa, e o Pecém é, para as empresas que operam essa rota, a porta de entrada para essas regiões, então temos um bom mercado assim", disse. "Eu até me reuni com empresários de outros estados e eles têm falado que estão sendo recebidos muito bem e as cargas no Pecém escoam mais rápido, então está valendo à pena" completou.

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